segunda-feira, agosto 18, 2008
Rinite e pasteis de massa tenra
Mas claro que não vou deixar vencer por estes sinais do corpo a pedir férias, quando já há muita gente na cidade a circular com aspecto torrado e com muito envelhecimento cutâneo precoce na cara por ter abusado da exposição ao astro rei. Além da paragem na farmácia para adquirir a artilharia do costume para mandar esta rinite p'ro galheiro, vou matar saudades de uns pastelinhos de massa tenra ao Frutalmeidas. E com tudo a que tenho direito, ou seja, acompanhado com um suminho feito com aquela fruta que eles já não vendem mas que as tias acham que é super bom super natural vitaminado sei lá! E depois aquele crime, aquela delícia que é o bolo de chantily com morangos! Ainda bem que já não vivo em frente de tal instituição, porque das duas uma: ou já tinha enjoado de tudo aquilo, ou o colesterol já não me deixava lá entrar.
Uma vez que ando assim meio adoentado devido à visita da amiga rinite, espero que o corpo não decida ter mais um sinal de falta de férias e decida proporcionar um efeito secundário dos pasteis de massa tenra. E que efeito secundário será esse? Não será este o melhor forum para o descrever... E claro não me refiro ao efeito óbvio para quem trabalha o dia inteiro ao computador: upgrade na banha!
A ver se não saio daqui muito tarde e consigo arranjar um lugar na marquise com vista para o Bairro de São Miguel, e apanho o sumo com a fruta menos podre.
sábado, agosto 16, 2008
Um Homem na Cidade
Como eu adoro sair de casa pela manhã, na companhia do meu iPod e desta linda música:
Agarro a madrugada
como se fosse uma criança,
uma roseira entrelaçada,
uma videira de esperança.
Tal qual o corpo da cidade
que manhã cedo ensaia a dança
de quem, por força da vontade,
de trabalhar nunca se cansa.
Vou pela rua desta lua
que no meu Tejo acendo cedo,
vou por Lisboa, maré nua
que desagua no Rossio.
Eu sou o homem da cidade
que manhã cedo acorda e canta,
e, por amar a liberdade,
com a cidade se levanta.
Vou pela estrada deslumbrada
da lua cheia de Lisboa
até que a lua apaixonada
cresce na vela da canoa.
Sou a gaivota que derrota
tudo o mau tempo no mar alto.
Eu sou o homem que transporta
a maré povo em sobressalto.
E quando agarro a madrugada,
colho a manhã como uma flor
à beira mágoa desfolhada,
um malmequer azul na cor,
o malmequer da liberdade
que bem me quer como ninguém,
o malmequer desta cidade
que me quer bem, que me quer bem.
Nas minhas mãos a madrugada
abriu a flor de Abril também,
a flor sem medo perfumada
com o aroma que o mar tem,
flor de Lisboa bem amada
que mal me quis, que me quer bem.
Ary dos Santos