domingo, maio 16, 2010

Casa dos Zagalos

Hoje não foi fácil. O trabalho corre bem, preenche-me o dia, entrei na rotina, não custa a espera do autocarro, o falar inglês todo o dia, o “passar pelas brasas” durante a viagem de comboio, o almoço ora à secretária, ora em 20 min na copa do escritório, os ingleses a beber chá todo o dia, a falta da bica escaldada, etc.


Agora o Sábado passado na Oxford Street cheia de turistas, Ingleses, Indianos, Paquistanis, Chineses, Gays, Snobs, Freaks, Erasmus, tudo e mais alguma coisa ao molhe, e com o Luís a entrar e sair de lojas de operadoras móveis a fazer pesquisa de mercado para fazer o contrato para ter um telemóvel do Reino Unido. Não há palavras… Aliás, eu até acho que estou a ficar paranóico!


Ora vamos voltar à génese desta neurose. Vamos voltar a segunda-feira dia de 10 de Maio de 2010. Tinha reservado 2 dias para procurar a casa que irei alugar nos subúrbios e poder deixar o aparthotel entre Hyde Park e Notting Hill para ficar mais perto do trabalho. Como parte do pacote de “relocação” que a empresa me concede, uma consultora de “relocação” acompanhou-me durante 2 dias na procura de casa. Eu bem que tinha indicado o meu orçamento, e as zonas que dava preferência. Tinha também dado a informação que não pretendia ter carro, logo, casas sem ligação a transportes públicos… seriam obviamente de excluir. Pois bem, a senhora mostrou-me a primeira casa (que foi a melhor que vi) que ficava a uns 20 min do trabalho. Claro que de carro, e não de transportes. A única casa que vi perto do metro, era tão perto que ouvia cada carruagem a passar na linha (para não falar na casa em si…). Tudo isto por preços a rondar as 1000 libras por mês, a mais de uma hora do trabalho e fora do centro da cidade… Ah! Não vou descrever os padrões que esta gente tem no que diz respeito a casas… A casa pode estar super velha, com um preço altíssimo, cheia de alcatifa, mas como tem uma localização escapatória, os agentes imobiliários dizem que é uma casa com “muito carácter”! Que trauma! Nem dormi como deve ser…


O mercado imobiliário aqui mexe tanto, que era ver visitas que tinha agendado para a o fim da manhã, a serem canceladas porque já tinham fechado negócio. Normalmente as que me eram mais convenientes em termos de localização. No dia seguinte a coisa correu melhor. Farto de ver as melhores casas a desaparecer, lá tive que me decidir entre duas casas que gostei (vá lá, na 3ª-feira lá vi coisas normais) que me permitiam chegar ao trabalho em menos de 1 hora. Isto porque estava a ver que alguém via a casa e ficava logo com ela… Mesmo assim arrisquei, vi casa de manhã, e só a reservei á tarde depois de ver tudo. Agora levo os dias a pensar se não me terei precipitado. Ahrggggg!


Primeiro, escolhi uma de duas casas. Levo o dia pensar se não deveria ter escolhido a outra. Depois, o site dos transportes de Londres, regista quase uma centena de pesquisas e simulações feitas por mim, a tentar perceber quando tempo irei demorar para o trabalho, para o centro de Londres, de uma possível discoteca até casa, até todos os aeroportos, e nem sei mais o que já experimentei. Preços do passe, essa é outra paranóia! Além de já ter percebido que consigo chegar ao trabalho com menos uma zona do passe, as contas passam por ver se sai mais barato o passe ou bilhetes pré-comprados para cada viagem. Nem imaginam mais uma vez as pesquisas feitas no dito site…


Passado a semana nisto, iria eu entrar numa loja qualquer de telemóveis e comprar simplesmente um que gostasse? Ah pois é! A pesquisa de mercado foi tão intensa que cheguei a casa sem telemóvel e com uma dor de cabeça dos diabos. Depois, além de ter tomado notas em todas as lojas, e ter feito as simulações para saber quem aceitava fazer contracto comigo ou não (sim aqui é assim…), de as ter lido a caminho de casa, de ter testado a cobertura de rede de cada operador em todas as divisões da casa… Cheguei a uma conclusão, voltei à rua e a loja já estava fechada.


Jantei, e dei-me por conta que toda esta paranóia não me dispôs a combinar nada com ninguém para beber um copo e desanuviar destas tensões. Olhei para a kitchenete, e vi a única garrafa de vinho que trouxe de Portugal. Casa dos Zagalos Reserva. Acabei agora mesmo o primeiro copo, e sinto-me muito melhor! Não há nada que um copo de 3 não resolva.
Ah! Obrigado Inês por me teres oferecido esta garrafa de vinho. Já me ajudaste a superar uma dificuldade à distância.

3 comentários:

Ramalhete disse...

Grande abraço Casanova. Apesar desses problemas iniciais vais ver que vai ser uma loucura.

Sofia disse...

Lá vai começar a saga de ler o teu blog e desatar a rir. Só tu para caricaturares a coisa e fazeres parecer uma comédia.
Agora só me lembro daquelas belas garrafas de vinho que ficaram em Telheiras e que poderiam ter ido na mudança ... anh? Força mano, que pelos comentário que vi no FB já tens muitas fãns por esses lados ... tu não me digas que arranjas uma BIFA ...

Unknown disse...

Ai, um copo de três, como eu te compreendo!
Bjs