quarta-feira, março 29, 2006

Manifs? CPE?

Para tranquilizar toda a gente, devo dizer que as zaragatas e manifestações que fazem actualidade em França têm-me passado ao lado. Montpellier como é uma cidade muito jovem, com muitos estudantes, tem manifestações e greves dia sim dia não com todos os disturbios tradicionalmente associados. Mas tudo acontece quando estou muito tranquilo no Hospital. Ontem dei pela greve porque fui obrigado a almoçar comida embalada no Hospital (não foi pior que a comida dos outros dias...), e quando fui ao centro da cidade, so vi lixo pelas ruas.
Deixo-vos hoje com um brinde, um recorte de jornal:

Ei-la, a big boss da Farmacia Lapeyronie et Arnaud de Villeneuve! Mme Hansel a fazer a pose para o jornal Midi-Libre! Mesmo com todas estas perturbações sociais, ela conseguiu uma reportagem de destaque sobre os ensaios clinicos, devido ao que aconteceu com voluntarios de ensaios clinicos na Inglaterra. Digam là que a mulher não parece uma mejera! Reparem como ela mesmo sendo o camafeu que é, tenta fazer um ar sexy para o jornal... (Mir e Baratinha, não têm saudades desta fofa?)

segunda-feira, março 27, 2006

Bella Bradonecchia

Nunca pensei vir de Erasmus para Montpellier e passar um fim-de-semana a esquiar nos Alpes Italianos! Foi uma decisão tomada poucos dias antes do fim-de-semana, talvez um pouco precipitada, mas que não me arrependo mesmo nada!
Sexta-feira, chego de TGV a Lyon, para me encontrar com a Vera e a Isa que trataram da viagem, e com o Filipe, namorado da Vera que vinha para conhecer Lyon e acabou por passar o fim-de-semana em Itália. Pouco se dormiu na sexta-feira, uma vez que o autocarro partia ás 5:30…
Quando digo que estive em Itália, devo esclarecer que a estância de Bardonecchia fica nos Alpes mesmo junto à fronteira de França, mas essa curta distância fez TODA a diferença. Tive momentos que me senti em casa!
Os Italianos são sem dúvida muito mais próximos dos Portugueses que os Franceses, aqui vão alguns exemplos:
- Bardonecchia, acolheu as provas de snowboard dos JO de Inverno deste ano, e embora os jogos já tenham terminado, via-se obras mal acabadas ou acabadas à pressa em redor do nosso aparthotel. Quem ainda não viu exemplos destes em Portugal?
- Pedir um café junto ás pistas de esqui, pagar 0,85 Eur e receber um café super aromático, em chávena de porcelana, digno de se chamar “BICA”. Uma banalidade em Portugal, mas que em França ainda não encontrei! Aqui se peço um café, além de pagar uma fortuna, arrisco-me a receber umas borras em copo de cartão ou de plástico. Quando beberem uma bica das nossas, consciencializem-se que estão a consumir um produto de luxo.
- Jantar fora, beber um Martini como aperitivo (bebida italiana, mas que os Portugueses consomem aos litros, mesmo com aperitivos nacionais bem melhores…), pedir um DOS vinhos Portugueses que estavam no menu (Mateus Rose), para acompanhar uma Pizza deliciosa, o Filipe acaba por beber um Whisky no fim do jantar, e pagámos apenas 11,25 Eur por pessoa!
- Os Italianos que falam alto e a bom som em qualquer lugar, num italiano sempre cantado. São assim maravilhosamente peixeiros como os Algarvios. Os franceses, que “hablan como los perritos” só se fazem ouvir quando estão com os copos.
Acho que conseguem perceber porque levei eu o Sábado e o Domingo a dizer a seguinte frase: “Já vos disse que adoro Itália?”. Vendo bem, a França não é assim tão má… mas dois dias fora daqui foram como um bálsamo!
Fiquei surpreendido comigo, pois passados 3 anos da minha primeira experiência nas pistas de esqui, consegui descer pistas azuis e vermelhas (com alguns espalhos…). O pior foi as dores musculares tão típicas de quem não mexe uma palha.
Claro que dois dias souberam a pouco, tendo em conta que não perdi completamente o jeito de esquiar, e por estarmos maravilhosamente instalados num aparthotel mesmo em frente das pistas que cheirava a novo.
A história da minha viagem Lyon-Montpellier ficará para outra altura… Uma aventura digna deste blog.
Hoje, lá consegui me deslocar até ao Hospital, e tendo em conta que tenho a cara da cor de um tomate com uma marca ridícula dos óculos de sol, fui alvo de chacota de todo o staff da Farmácia. Desde a secretária da Mme Hansel que solta um “Eh lá! Companhêro!!!” e estala os dedos ao ver a minha figura, até um farmacêutico que me pergunta se fui para o solário com duas rodelas de pepino nos olhos…

segunda-feira, março 20, 2006

Chuva e mais chuva

A Primavera está próxima, e normalmente o tempo terá a tendência de melhorar gradualmente à medida que o Verão se aproxima. Mas aqui, nesta terra que muitos chamam Califórnia Francesa, isso não se têm verificado. Depois de já termos tido a oportunidade de desfrutar uns dias menos frios, o tempo piorou, e em Montpellier chove miudinho ininterruptamente há cerca de 3 dias! Califórnia de França… Tss, não sabem o que dizem… Que saudades do meu trópico Algarvio!
Esta minha revolta com clima do Languedoc tem uma razão mais forte que a simples saudade. Ontem, Domingo, o dia em que não acontece nada em Montpellier, foi o dia escolhido por mim e pelos meus colegas estagiários da Fac. Farmácia do Porto (Daniel e Catarina), para visitar a cidade de Carcassonne. É realmente um lugar a visitar quando se está na nesta região. A cidade é património mundial da humanidade, e o seu centro histórico medieval, completamente muralhado, já serviu de cenário a numerosos filmes, de entre os quais a última versão de Robin Hood (com Kevin Costner).
Parece-vos giro, não é… Agora imaginem a dificuldade de tirar uma foto de jeito, com aquela chuvinha ininterrupta e irritante. Acabámos por visitar os pontos mais importantes da cidade, e até houve alturas que nem nos lembrávamos que estava a chover, e acabei por gostar da visita na mesma. Mas tirando o centro histórico, o resto da cidade estava deserto. Ainda gostava de saber por onde anda esta gente ao domingo! Sábado, é uma dificuldade tremenda para se nos movimentarmos nas ruas, saem todos da toca. Para não falar das vezes que há manifestações (que é quase sempre) em que os manifestantes aos berros se cruzam com a multidão consumista sempre com sacos de compras na mão (viva o incrível poder de compra dos franceses). Ao domingo: Centros comerciais fechados, lojas fechadas, e a maioria dos cafés e esplanadas estão igualmente fechados!

sábado, março 18, 2006

Mala de Cartão

A adaptação aos horários praticados em Montpellier em sido rápida. Vejam só, quinta-feira às 19:30 já tinha jantado um belo merlu com “semoule” (sim aquilo do cous-cous…), e ás 20:30 já estava na Plaçe de la Comedie para ir com os espanhóis a uma festa erasmus. Quando cheguei fui avisado de que se tratava de uma festa de salsa. Apreensivo, lá me dirigi à dita festa. Àquela hora o bar já estava cheio de erasmus “não latinos” que praticam estes horários esquisitos, todos contentes numa coisa que parecia uma aula de salsa, e não propriamente uma festa: Que enjoo! Imaginem uma bar mínimo cheio de nórdicos e bifes (todos com ar de cromo), e uma francês ridículo de microfone a ensinar os passos, com e sem música… OK, bazámos logo dali. O resto da noite consistiu num “botelhon”, bem à moda espanhola em frente da Opera Comedie. Comprei um vinho na loja de conveniência que não deve ficar longa do pior vinho rosé do mundo, e que não foi propriamente uma pechincha! Com 3,50Eur comprava em Portugal um Mateus Rose, de qualidade e sabor muuuuuuito superior à murraça que bebi. Deitei-me relativamente cedo para quem saiu, por volta da uma da manhã, mas o dia seguinte começou com uma dor de cabeça e uma ressaca de quem fez a “grosse fête” até as tantas. Eu que só bebi uma garrafa de vinho a noite inteira…
Normalmente não ponho os pés no “Hopital Lapeyronie” ás sextas-feiras, mas logo ontem que o dia começou de maneira difícil, tive de ir lá para terminar um trabalho que comecei esta semana. Ao entrar na Farmácia, oiço os berros da Mme Hansel (chefona), que estava completamente estérica à procura das suas secretárias (sim ela tem duas secretárias), e vejo todos os farmacêuticos e internos sentadinhos na sala de reuniões caladinhos como se ela os tivesse posto de castigo. A manhã, que se revelou difícil com a “dor de pinha” que tive de suportar, terminou com mais um combate entre moi e um farmacêutico acerca da imagem que os franceses tem de nós. Desta vez levei com uma bomba difícil de argumentar: Linda de Suza! Eles pouco conhecem de Portugal, mas toda a França conhece a mala de cartão desta grande cantora. Tive de levar com uma coisa do tipo: “Nós até não temos má imagem dos Portugueses actualmente, mas tens de compreender que durante muito tempo a Linda de Suza foi o rosto de Portugal em França. Conheces a mala de cartão?”. Tão a imaginar a minha cara semi-envergonhada… Alguém que me ajude a contra-atacar isto, porque não conseguir arranjar resposta à altura.
E para curar a ressaca, nada melhor que beber uns copitos! Ontem foi a “crémaillère” (festa de inauguração) do apartamento da Cláudia e suas “colocataires” espanholas. Realmente as festas de apartamentos são as melhores de Montpellier. Há bebida com fartura, gente que se sabe divertir, e acabam sempre ás tantas da manhã! Desta vez até deu para apanhar o primeiro Tramway para voltar para casa. E o melhor de tudo, hoje não acordei com dor de cabeça.

E as festas são mesmo assim! Na foto uma amostra da mistura de nacionalidades: um italiano, um espanhol e uma espanhola, um canadiano (Quebec) e o tuga!

segunda-feira, março 13, 2006

Frio de Lyon

Para fechar uma semana bastante animada com chave de ouro, nada melhor do que passar o fim-de-semana fora de Montpellier. Destino escolhido: Lyon! Uma cidade que acolhe duas conhecidas colegas da FFUL (Vera e Isa), e uma amiga de Loulé da FFUC. Com tanta gente conhecida ao alcance de uma confortável viagem de TGV, há que aproveitar!
Desta vez adicionei mais uma pousada da juventude francesa ao meu portfolio, uma vez que a casa das minhas colegas já albergava a mãe e a irmã da Vera. Ao contrário da homóloga de Montpellier, a pousada de Lyon é muito agradável! Um edifício renovado, situado no centro histórico e com uma vista panorâmica excelente da cidade.
Perguntem-me porque é que um algarvio, que nunca esteve em Lyon e deixa a morada da pousada em casa, decide sem perguntar a ninguém procurar o dito “batimento” sozinho? O resultado foi, após uma viagem de metro a Vieux Lyon, subir na companhia do meu troley uma rua super inclinada de calçada (ou seja faz de conta que o troley não tem rodas) e chegar a um jardim onde não conseguia encontrar nenhuma indicação para a tal pousada. O esforço foi tanto, que já suava e nem deu para sentir o frio que fazia. “OK, agora não vou perguntar nada a ninguém… só um parvo é que sobe uma rua inteira à procura de uma coisa que não tem a morada”. Resolvi descer de volta ao metro de onde saí por uma outra rua que “aparentava” levar-me ao mesmo lugar. Desta vez a descida tomada, não era de calçada e tinha um ar menos secundário. Após passar a primeira curva: “Auberge de Jeunesse Vieux Lyon”. Afinal o meu palpite não estava mal de todo! Tomei foi o caminho mais longo e difícil. A vista sobre a cidade compensou o esforço.


Jantei em casa das minhas colegas, que estão muito bem instaladas num estúdio com mezanine (um dia explico-vos melhor este conceito de apartamento que há muito aqui pela Frannnçe), com Internet e TV! Estes bens tão essenciais que eu não tenho no meu palácio de Montpellier. No mesmo fim-de-semana como a mãe e a irmã da Vera também se encontravam de visita a Lyon, tive a oportunidade de jantar algo maravilhoso confeccionado por mãos de uma mãe portuguesa: bifes com aquele gostinho tão português do alho refogado. Que saudades do nosso tempero!
O sábado foi reservado para conhecer uma vila medieval fora de Lyon: Perouges. Um autêntico cenário de um filme da idade média, tipo Robin Wood ou D’Artagnan. Aproveitamos também para degustar a típica “Gallete de Perouges, que fazia lembrar uma pizza doce. Tanto a Gallete como o quentinho do restaurante, souberam-nos maravilhosamente bem, tendo em conta o frio gélido que se sentia por lá.


De regresso a Lyon ainda tive tempo para conhecer os pontos-chave da cidade, no meio do enorme fluxo de gente que, apesar do frio, saí de casa Sábado à tarde. Constatei que a cidade é óptima para fazer compras. Ai se eu tivesse dinheiro… perdia-me por lá!
Domingo foi a vez de passear no bairro de Vieux Lyon com a minha amiga Susana (que além de portuguesa, é de farmácia e Louletana) e a sua colega Carolina. O Domingo revelou-se realmente muito, mas mesmo muito frio, tempos de vez enquanto tínhamos de entrar numa loja para não morrermos congelados. Conhecemos ao almoço, uma maneira um pouco estranha de atender os clientes: deixaram um papel e uma caneta na mesa para anotarmos o que queríamos! Estão a ver o sarilho que foi para escrever o nome das especialidades Lionaises que queríamos almoçar…
Adorei a cidade de Lyon, e adorei ser recebido pelas minhas colegas e amigas. Vera, Isa Susana e Carolina: Muito obrigado por tudo!

quinta-feira, março 09, 2006

Laverie

Aqui na France, ou pelo menos em Montpellier, somos obrigados a ganhar o hábito de fazer a “Laverie”. Neste momento encontro-me na Laverie Pacific, de frente para as “machines à laver” e “sechoirs” aguardando que o programa de lavagem da minha roupa termine. E para ajudar a passar melhor o tempo, vim o com o meu fiel amigo portátil by LIDL, para poder escrever qualquer coisa para o pharmagilense.
Eu que só conhecia este conceito de lavandaria das séries americanas dou por mim numa cidade, em que encontro uma coisa destas em cada esquina. O conceito de poupar água e energia realmente está implementado por estes lados. Ao que parece, os montpellieriens (será montpellierienses em português??), não têm máquinas de lavar em suas casas, assim além de poupar nos seus poucos banhos, poupam também na lavagem de roupa. Aliás, poupam de duas maneiras, porque já reparei que andam sempre com a mesma roupa… São tão Greenpeace!
O conceito casa de banho também é diferente. Um exemplo prático: ontem à noite depois de alguns copos de cerveja, senti uma normal necesidade de encontrar a casa de banho, e pergunto ao meu colega francês “Ou est la salle de bain?”. Tendo em conta que a casa de banho francesa, não tem sanita, mas sim um duche ou banheira e respectivo lavatório, o rapaz deve ter pensado: “Tal é a moca que ele já leva, que agora quer tomar banho!”. Mas não, eu queria era mesmo mudar a água ás azeitonas! Arranajar espaço para outra cerveja! Mas pronto, o rapaz lá me corrigiu, e chamou-me à atenção que o que eu queria era ir à Toilette, que é diferente de salle de bain. A dita toilette, era digna de ser fotografada, mas como não estava muito alterado não tive coragem… Imaginem um compartimento quadrado forrado de azulejo azul, uma única vala que percorria todas a paredes, e uma entrada sem porta, mas com aquelas fitas de plástico utilizadas para afastar as moscas… Ainda acerca das casas de banho, aqui não há bidés! Uma palavra que aparente ter uma génese francesa, mas inexistente nas casas de banho. As raparigas portuguesas realmente têm-se queixado, como é normal! Mas um homem ás vezes também precisa de tirar os cholézito dos pés. Sem ajuda do bidé, já consegui ultrapassar esse problema. Primeiro tentei com o duche, não era muito prático pois molhava-me mais que a conta. Estudei então a possibilidade de usar o lavatoire que tenho no quarto… Resultou, com alguma acrobacia, lá me ponho na cabeceira da cama com os pés no lavatório e problema resolvido.
Para terminar deixo umas fotos, que ilustram uma semana bem fivertida.


Festa de anos surpresa da Cármen, na casa que a aniversariante divide com uma amiga e com esta personagem: Alice, uma velha com mais de 70 anos, que adora quando há festas em casa, e bebe conosco umas cervejinhas.
Este prato maravilhoso, ilustra a porcaria que se come em Espanha, mas que eles adoram! Portanto, isto é Bimbo torrado, com tomate moído, sal e azeite. Eu fiquei encarregue de moer o tomate com o utensílio que normalmente utilizamos para ralar cenoura. Hum, que bueno… Ainda bem que havia outras coisas para comer na festa.
Ontem, após degustação de cocktails na farmácia ás 19h (a caipiroska que levei fez o maior sucesso!), soiré erasmus no Pub Macadam, o tal da Toilette minimalista. Na foto, as minhas duas colegas de estágio, uma catalã e outra valenciana, e um andaluz de letras. Digamos que as meninas baldaram-se hoje ao estágio porque foram para a diconight, e ainda me tentaram convencer… Mas tinha ficado de mostrar umas coisas a um “interne” da farmácia, que não esteve lá hoje! Claro, que após ter perdido o último tram da noite, voltado para casa à pied, e ter ido ao estágio para fazer nada depois de tantas noites de farra, estou cheio de sono!!!

terça-feira, março 07, 2006

Santa ignorância

Quando associamos bacoradas geográficas e históricas a ilustres americanos como o nosso caro George W Bush, pensamos “pelo menos nisto os Europeus são melhores!”.
Bem se calhar as coisas não são bem assim… Dia após dia, tenho constatado a profunda ignorância dos Franceses face à nossa riquíssima história, cultura e gastronomia, para não falar dos clichés associados aos portugueses.
As pequenas coisas que vos irei contar aqui devem ser apenas a ponta do iceberg, imagino o que esta gente deve comentar quando não estou por perto.
Alguns de vós deverão saber que, embora goste muito de contactar e conhecer outras culturas e gentes diferentes, tenho uma faceta muito nacionalista e muito orgulhosa de ser Lusitano! Eu sou daqueles que não compra enlatados sem ter o selo de produtor português, e passo-me quando vou ao supermercado e não posso comprar fruta e legumes portugueses.
Hoje um estagiário franciú, depois do almoço enquanto tomávamos café coloca a seguinte questão: “Vocês em Portugal têm Rei como Espanha?”. O café até me caiu mal… Principalmente porque a mesma pessoa no dia anterior dizia que Portugal era “petit comme pays”, e teimava que o nosso país não era maior que a região do Languedoc (região onde me situo, sendo Montpellier a capital). Estão a ver a minha cara… Só lhe respondi o quanto estava estupefacto com a ignorância deles face a Portugal!
Mas então não foram os Espanhóis que começaram os descobrimentos? A sério o Barroso da União Europeia é Português? É só coisas destas que tenho ouvido, acho que só falta a perguntarem se o Português não é um dialecto do Espanhol…
Então e o que se come em Portugal? Bacalhau e sardinhas. Nem sei como ainda não ganhámos guelras e escamas. Não quero enunciar as tantas especialidades da nossa maravilhosa cozinha, mas ao menos não precisámos de adoptar o “cous-cous” e a “mergêz”, como pratos nacionais! Depois quando saímos das discotecas como fome comemos pão com chouriço ou mesmo caldo verde, eles comem “kebab frites” que é um prato tão francês como o hambúrguer do McDonalds.
Hoje, também me informaram que as portuguesas estão associadas ao cliché da mulher com pêlos na cara ou “femme de ménage”. Eu se vivesse aqui em França era de certeza filho de porteira. Coitados, caíram na asneira de perguntar qual era o cliché que nós tínhamos para o povo Francês: “Vocês não tomam banho, por isso é que a maioria dos perfumes vêm de França!”. Valeu-me a secretária da Mme Hansel, que confirmou a badalhoquice da maioria dos Franceses. Eles muito indignados responderam: “OK! Mas nós não somos assim!”.
Depois como se não bastasse, é vê-los a falar super fascinados de Espanha! Um país maravilhoso, cheio de coisas lindas para descobrir. Os Espanhóis com suas particularidades tão giras… por exemplo, um farmacêutico falou-me que esteve em Barcelona e adorou ver uns lugares onde se podia fazer siesta, rematando com um “J’aime la Espagne!”. Para não falar das vezes que eles perguntam todos felizes ao Valenciano “comme se dit ça en espagnol?”. (ok, neste momento podem imaginar-me a trepar paredes)Saiu-lhes a pessoa errada na rifa! Eu não me deixo ficar com o: “oh, não conhecem nada de nós… somos mesmo pequeninos…”. Faço questão de fazer com que eles se sintam mal com esta santa ignorância que me revelam dia após dia. E é assim que começo a ganhar o respeito de muitos, contribuindo para melhoria da imagem que têm de nós. Por alguma razão a tramada directora da farmácia Mme Hansel guarda um bom souvenir das últimas portuguesas que cá estiveram. Ai, ai! Eles não sabem com que se meteram!

domingo, março 05, 2006

Mais amigos, mais farra!

Depois do Carnaval deprimente que a minha pessoa passou por terras de Montpellier, tive a oportunidade de uma desforra valente que começou logo na quinta-feira.
Começo igualmente a verificar que estes franceses não jogam definitivamente com o baralho todo… quinta-feira antes do almoço, fui arrastado para a sala dos ensaios clínicos da farmácia Lapeyronie, para beber um cocktail que uma coleguinha tinha levado: PONCHE. Verdade, esta bebida começou a perseguir-me, depois da dose da festa de arquitectura, o ponche amarelo tem sido uma presença constante. Devo informar que o emborcanço de ponche passou-se antes do almoço, de estômago vazio: Resultado, eu não calei a “matraca” até à cantina, o meu colega espanhol dizia que estava um pouco zonzo…
Para me passar a neura do Carnaval, pelas 20:30, o Luisito já jantado, dirige-se à Happy Hour de um bar/disco que é tipo o ponto de encontro da espanholada para começar a beber jolas. E desta vez já sem problemas de entrar no bar e beber sozinho: glup, glup, glup… ahhh! Depois o normal, toda a gente se cortou e eu fiquei a apanhar do ar! A noite salvou-se com um sms da minha amiga Erasmus portuguesa que me avisa que a “malta” esta beber uns copos na sua nova casa, à qual me juntei até cerca das 4h!
Na sexta-feira, fui uma festa erasmus, que não teve piada nenhuma…
Como tenho visto ao espelho, um Sr. Luís Casanova, com uma cara super redonda, típica de quem anda a comer mais que a conta, decidi ir ao shoping sábado depois do almoço comprar uns ténis! Amanhã, se os calções da praia ainda me servirem, vou começar a correr. Penso que as minhas corridas darão umas boas historias para o blog.
A mesma tarde acabou por passar da melhor maneira, junto de novos amigos, a beber cerveja na varanda do centro de congressos de Montpellier. De referir, que a cerveja é comprada do supermercado, e esplanada é improvisada no Heliporto do edifício, que tem uma vista magnífica! Jantamos juntos, uns maravilhosos bifes com cogumelos, em casa da portuguesa Cláudia (os pais dela estiveram cá esta semana e deixaram uma garrafa de vinho do porto, vinho tinto, queijo e chouriço Alentejanos!), ao som da banda sonora do meu portátel by LIDL. Depois já todos alegres fomos parar a uma festa num apartamento, onde mais uma vez não se conhecia os proprietários! Um autêntico casarão perto da place Comedie (centro de Montpellier), onde vim a saber que vivem lá dois franceses, uma espanhola, duas suecas e um marroquino… a autêntica residência espanhola. Adorei o abat-jour feito com um pin das obras que estava no corredor. A casa era tão grande que havia uma zona chil-out e uma pista de dança(foto da festa: um galego, um luxemburguês, uma portuguesa, um canadiano do quebec, uma espanhola, e eu meio cortado). Acabei a noite completamente bêbado a procurar bebida com um luxemburguês e uma espanhola nos frigoríficos da casa. A última foto sou eu a caminho de casa…