sábado, fevereiro 04, 2006

A maratona dos gabinetes e repartições!

Bem me tinham avisado que os primeiros dias não seriam fáceis… A pousada da juventude realmente não é das melhores que conheci, mas sempre tinha uns cacifos para guardar os malões e eu poder iniciar a minha busca de alojamento.
Comigo levei o portátil (ele já tem sofrido tanto, que achei melhor levá-lo comigo, não fosse acontecer alguma desgraça!) e o dossier com toda a papelada desde documentos a entregar na faculdade a moradas e anúncios de casas que tirei da net.
Os dias em Montpellier têm-se revelado muito solarengos, o que não os impede se serem frios e aquela manhã não foi a excepção! A ânsia de resolver todos os assuntos fez-me chegar aos serviços sociais da Universidade (CROUS) antes das 9:00 e ainda tive de aguardar um pouco na cafetaria da cantina que tinha “chaufage”.
Quando o relógio marcou as ditas 9:00, fui atendido no CROUS:
“Ah! Você não é francês. Para alojamento tem de se dirigir ao nosso gabinete internacional que abre ás 13:00.”
Boa! Tinha eu dormido tão pouco e tão mal para isto? Tinha programado ir à faculdade só no dia seguinte, mas assim tinha de aproveitar a manhã para qualquer coisa e decidi tentar minha sorte por lá.
Tinha a indicação de me dirigir à Mme. Eva Goldman das rel. internacionais ou ao Prof. Michel Larroque. Na porta do gabinete da Mme Goldman estava a indicação que o gabinete funcionava todos os dias menos “Mercredi”, e por acaso até era 4ª-feira… Fui então ter com o Prof. Larroque, que não sabia o que fazer comigo, e que ficou em meio em pânico ao saber que ainda não tinha casa. Fui então atirado para a secretaria com um mapa da net que ele me imprimiu e onde assinalou uns lugares para eu procurar anúncios de quartos.
As secretarias são sempre a tal base… juntando a elas programas informáticos com bugs malucos: “Bienvenue aux services adminitratifs publiques Français!”. Disse uma senhora de bata que vinha de passagem de um laboratório, mal sabia ela como eram as coisas em Portugal. Eu tenho queda para bloquear tudo o que é programa informático, e ao que parece nem no estrangeiro me livro disso! Já contava quase 4 pessoas de volta do pc para me inscreverem. Depois veio a parte do pagamento (12,5 Eur), que tinha ser em cheque. Ao que parece, nas repartições francesas querem os pagamentos em cheque porque segundo eles “o dinheiro pode perder-se”. A Mme da secretaria muito simpática aceitou o meu “cash” e passou um cheque dela, e lá consegui ficar oficialmente inscrito na Universidade de Montpellier.
E assim, com a ajuda do mapa manhoso que o Prof. me deu dirigi-me ao pólo universitário europeu que poderia me poderia ajudar na busca de alojamento. E claro… este só abria ás 14:00, quando ainda nem meio-dia era… estava a perspectivar mais uma noite mal dormida na pousada da juventude.
Ensonado e cansado de tanto andar pelas ruas Montpellier, parei um pouco num cybercafé para ver o mail, e fazer tempo para a abertura do gabinete internacional do CROUS.
Finalmente são 13:00 e já posso ser atendido no CROUS! A simpática Mme Altée enquanto atendia dois turcos recém chegados, perguntou o que eu pretendia e verificou que o meu nome não lhe era estranho… Ser Casanova tem algumas vantagens!
Não é que eu tinha um quartinho só para mim na “cite universitaire” à minha espera, e na faculdade nenhuma das pessoas com que eu falei pôs essa hipótese! A Mme Altée ao telefonar para a faculdade, e falando com a pessoa CERTA, confirma a minha reserva e manda-me imediatamente de volta à faculdade buscar o meu processo (que a Mme Goldman nos dias de folga deixou com outra pessoa).
O vai e vem só terminou quando fui buscar as malas ao cacifo da pousada da juventude: mais umas estações de Tram, mais uns lanços de escadas a carregar as malas…e ao chegar à cité universitaire, carregar as malas para o meu quarto que fica num 3º andar!
Acabei o dia cheio de dores nos braços, nos ombros (carreguei o portátil durante todo o dia!) e nas pernas, mas ao menos sabia que iria dormir num quarto que já era o meu…

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