quarta-feira, setembro 13, 2006

Simplesmente Luzia!

A minha amiga Luzia é uma pessoa muito especial, pois na sequência do último texto que coloquei no blog, mostrou-se muito solidária e deu a sua opinião:

Eu por acaso compreendo-te, não a questão das despesas, porque tenho como objectivo limitar ao máximo custos fixos, mas a estória de ter que lavar, passar, arrumar. No meu caso a culpa é minha. Não deixo a empregada tocar na minha roupa, pq detesto roupa lavada a passar por todo o lado, a roçar pelo chão (elas não têm cuidado nenhum), pelo que não me resta outra solução senão, de qdo em vez, passar uma tarde, ou uma manhã inteira a passar a roupa acumulada! Sem comentários!

Filho queres uma solução, mto na moda? CASA-TE com uma fada do lar!

A citação a vermelho despertou uma série de comenários que se afastaram do tema das lidas domésticas, e que entrou no campo das neuroses. Eis o remate final de Luzia:

1- Não toco em maçanetas por princípio, não quer dizer que não o faça qdo necessário, sendo que tenho smp o cuidado de lavar as mãos a seguir.
2- Nunca me sento em lugares vagados há pouco tempo, tb por princípio, mas qdo estagiei na farmácia a dor nas pernas levava (quase) sempre a melhor!
3- Lavo as mãos algumas 10x/dia (esta dentro da media), mas a seguir ponho-lhe Cetaphil - creme de tratamento hidratante (uma bomba de hidratação, que não deixa as mãos coladas, passo a publicidade)
4- E nunca, mas NUNCA toco em varões alguns... O que se torna cómico, pq qdo está mta gente no metro, e não tenho sitio onde me encostar, acabo sempre por cair devido ao princípio da Inércia!Por outro lado, tenho adquirido algumas mais fibras musculares nos trícepes, tb por causa disso - mas ainda me encontro bem longe do nosso Obikwelu!!!

Aliás eu confesso que as coisas que faço precisam de alguma ginástica, e uma das minhas preocupações é: COMO FAREI QDO ESTIVER FISICAMENTE MAIS INCAPACITADA. Mas se calhar tb não chego à velhice!


Bem sei que toda esta produção maravilhosa de ideias não é minha, e que estou a publicar algo que é propriedade intelectual da Luzia. Mas meus amigos, decididamente isto é algo que não podia ter ficado esquecido no meio de pastas de um MS Outlook de uma firma qualquer.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Solteiro e doméstico


Isto de estar a viver fora de casa dos pais, a tentar sobreviver com os honorários de um estágio profissional tem muito que se lhe diga… Principalmente quando se atingiu alguns “living standards” dos quais não queremos abdicar.
Quem me conhece poderá dizer: “Olha este a falar de barriga cheia! Deve pensar que estou com pena dele.”
Admito que não pago renda de casa, e não estou a pagar prestação de um carro… mas um homem que passa o dia a trabalhar não chega propriamente a casa com vontade de se por na lida doméstica.
Vejamos, hoje jogou o glorioso Benfica com o Áustria de Viena: Homem que trabalha, chega a casa e bebe uma jola a ver o jogo, ou bebe a jola junto dos amigos num bar. Eu estive a dobrar roupa em frente da televisão, enquanto esbracejava e chamava nomes à TV! No intervalo aproveitei para lavar a loiça do jantar e apanhar a roupa suja que espalhei pelo chão da casa pela manhã antes de sair à pressa para o trabalho.
O magnífico golo que o maestro Rui Costa marcou, não foi visto e sentido em directo, tive de me contentar com a repetição, uma vez que estava na cozinha a ver se o esparguete que iria jantar já tinha cosido. Uma vez que sou muito nervoso quando vejo os jogos do Benfica, escusado será dizer o tempo de demorei a deglutir uma dose gigante de esparguete à bolonhesa… Digamos que ainda me sinto um pouco “inchado” com tanta massa.
Uma mulher a dias seria a solução! Ela só tinha de dar um jeitinho à roupa que fica por passar a ferro, lavar loiça suja acumulada na cozinha, e já agora limpar a casa de banho. Pois… e o carro que está a chegar aos 45.000 Km: “arrota” ai com a “xeta” para pagares a revisão moiro! A amiga que casa daqui a duas semanas: diz que fica bem em oferecer prenda de casamento! E o seguro do carro? Isso paga-se não é!? Há de haver um mês que se faz o IRS. Eu ainda sou pequenino para pagar impostos! Isso parecia-me uma coisa tão distante! Esperem, os dentistas não são propriamente baratos: Tenho 4 dentes do ciso para deitar no balde, e um deles está bem que deitadinho e escondido debaixo da gengiva. Isso será quantas idas ao dentista?
Mulher a dias, deves queres deves. Mais depressa arranjo um dente do ciso podre porque não há plafond para o dentista, ou então o carro berra em pleno IC19 porque achei que aguentava mais uns dias até ir à revisão.
Bem, há sempre a opção da mala de cartão sobre a terra de França! Ao menos a vida lá não é come aqui hã!?

terça-feira, agosto 22, 2006

Onde está a motivação para escrever?!

Verdade das verdades, desde que o Erasmus acabou que não consigo arranjar paciência para escrever algo que seja digno de postar no meu blog pessoal.
Em Montpellier, a solidão que passei nos primeiros tempos fez surgir em mim, uma necessidade estranha de escrever, escrever, escrever, como nunca escrevi na minha vida! Nunca fui muito voltado para momentos de inspiração de prosa, nem nunca pensei que pudesse escrever algo que os outros até gostassem de ler.
O feedback que recebi de alguns leitores do meu blog, mostrou-me que a minha escrita tão pouco “intelectual” ou “intelectualóide”, acabou por cativar algumas pessoas a visitar regularmente o meu espacinho à procura de mais uma situação pouco normal do meu quotidiano.
O que é certo é que o meu quotidiano mudou! Os dias em Montpellier eram riquíssimos em situações caricatas que mereciam ser partilhados com alguém. O facto de eu caricaturar ao final do dia todas as enrrascadas em que me metia, eram muito melhor que um Prozac, sabiam a gargalhada, levava-me a pensar que tudo se tratava de mais um episódio de uma série de ficção, e que eu encarnava a personagem azarado que a todos fazia rir.
Actualmente a vida parece que não tem a graça que tinha lá fora… Ou será que perdi estupidamente a capacidade de a caricaturar?
Este post poderá funcionar com um exercício, uma maneira de reavivar a visão de outros tempos, de procurar a inspiração perdida.
Até ao próximo post! Que poderá ser ainda hoje…

quinta-feira, maio 18, 2006

O Adeus

Para muita, mesmo muita pena minha, o Erasmus acabou! E como se não bastasse, acabou a vida de estudante! SOCORRO!
As minhas últimas semanas em Montpellier foram "sûper"! A minha mãe presenteou-se no seu dia de anos com um passeio a Montpellier. O dia quase de verão, com Montpellier a roçar o ambiente de uma cidade como Faro, Tavira ou Loulé! Só que claro, maior (não muito maior), com um metro de superficie, e com esplanadas maravilhosas onde aproveitei para almoçar com a mãezinha aniversariante. (Camambert roti! Inesquecivel!)
No fim de semana, uma jantarada em casa dos italianos, que para variar, estavam barulhentos, e estranhos. Do tipo de deixarem os tugas e os espanhois na sala, e enfiarem-se todos na cozinha a falar á parte... É assim que recebem as visitas em itália? Mas depois compensaram-nos com uma massa no forno, e uma fondue de chocolate, como só eles sabem fazer.
Infelizmente, a minha máquina fotográfica digital que eu tanto amava (sim, aquela pequenina, fininha, que a minha mãe me ofereceu na benção das fitas!), desapareceu... Depois de 3 meses, que percorri tantas cidades francesas sempre artilhado com a minha "camera", fui perdê-la para as mãos de um carteirista habilidoso de Montpellier, no meu penúltimo fim-de-semana de Erasmus.
As despedidas, para bem do meu "coração", foram muito faseadas. As duas últimas semanas de Abril coincidiram com as "vacances" escolares, e muitos amigos erasmus aproveitaram para visitar o seu país. Em cada dia, havia sempre alguém que partia. Mas aquela sensação de peito apertado chegou em força, curiosamente no "Hopital Lapeyronie"! Não tenho geito nenhum para despedidas, mas aquela sexta-feira em que disse adeus aos meus amigos "internes" da Pharmacie Lapeyronie, vai ficar na minha memória para sempre. Foi um adeus sentido á minha grande "maître" Anaïs, que coordenou todo o meu estágio, á sempre divertida Sophie, e ao porreiraço Maxime. A viagem de Tram até ao centro foi já muito nostálgica! Devia ter uma cara muito mesmo muito patética.
Todas as noites jantei com pessoas diferentes. Um grande jantar de despedida em casa da Carmen e Eva, onde passei a noite a fazer e a beber caipiroskas (Tio, Que fuerte, que buenna! Me haces una para mi!!!), um jantar em casa da Cláudia onde cozinhei a famosa pasta Casanova.
A útima noite, foi muito bem passada com os resistentes que ainda estavam em Montpellier. Cláudia, Isabel, Victor, Ute, Catarina e Daniel. A última buba no estranho, mas divertido "Rockstore"...
Por fim, os últimas despedidas muito sentidas pela janela do Taxi, á minha grande amiga Cláudia, que tanto me ajudou na integração da sociedade Erasmus de Montpellier, e á Isabel, uma Valênciana que já consegue "falar um pouquino de pórtuguêish!". Uma lágrima correu...
Taxista : "oh! c'est pas graaaaave"
Luís: "Oiu, c'est grave! Demain je ne serai pas encore, ni Erasmus, ni Étudiant."

E agora Luís Casanova... Que vais fazer da tua vida?

quinta-feira, abril 20, 2006

Páscoa em família

Peço desculpa aos meus leitores pelo relativo abandono do meu blog. Mas as fotos seguintes mostrarão o porquê da minha ausência:

Percebam que esta criança grande ja tinha estado duas vezes em Paris, mas nunca tinha ido à Disneyland...
O melhor fim de semana de páscoa que poderia ter tido, junto da mãe e dos amigos.

Sim... foi mesmo do tipo: "Socorro! Estou a ser atacado pela Torre Eiffel!

domingo, abril 09, 2006

A bolha, o sol e o cachecol à papá

Tenho uma bolha no pé! Sim, e não é uma bolha qualquer, é uma daquelas de pele grossa e com uma localização privilegiada: na base do joanete do pé direito.
Parece que os ténis maravilha “nike running”, que comprei a um preço espetacular, não foram feitos a pensar em pés “joanetados”… Agora que eu estava já com um certo ritmo nas minhas corridas, vou ter de esperar que esta porcaria cicatrize!
Felizmente esta minha nova amiga (a bolha!), não me impediu de desfrutar mais uns dias muito agradáveis e solarengos aqui no Montpellier de France! Sexta-feira, foi a vez experimentar o relvado na minha cité U. Juntei-me a uns espanhóis de Química, que ainda não percebi muito bem o que fazem realmente na vida. Têm todos o ar de quem tem a minha idade (ou mais), e disseram-me que estão no 2º ano… E quando disse que já estava no 6º ano ficou tudo com ar de: “eh lá! Grande cromo!”. Este relvado que eu chamo “Plage de Boutonnet”, tem aves raras de toda a maneira e feitio. Desde a nórdica bardajona que mal sente calor se põe deitada ao sol em soutien, ao franco-àrabe que joga futebol com os amigos com a belo rap afro-franco-árabe em altos berros, aos espanhoís que fumam de tudo um pouco enquanto se lamentam que têm de ir a uma aula obrigatória…
Ontem fui com o Daniel e a Catarina conhecer uma aldeia perdida no meio dos montes: St Guilhem-le-désert. Desta vês tivemos mais sorte com o tempo, e a chuva que apanhámos em Carcassone não nos apanhou desprevenidos. O Sol fez o favor de iluminar uma das paisagens mais bonitas que conheci. Foi pena os horários dos autocarros não possibilitarem um passeio mais prolongado pelos caminhos em redor da aldeia.

Palavras para quê… Simplesmente adorarei St-Guilhem, uma aldeia que tem as duas origens no séc. IX, e que está inserida nos caminhos de São Tiago de Compostela.
A noite, que começou num bar simpático do centro histórico (mi barrio) acabou por terminar com mais um botelhon na Place Carnon (Lugar oficial do botelhon em Montpellier). Desta vez nem consegui beber todo o vinho que comprei na epicerie do Turco… Claro que nestes lugares aparecem sempre umas personagens estranhas: desde um homem das obras que não se calava, e que me fez chegar a pensar que chovia (tal era a quantidade de gafanhotos), a um francês aspirante a freak já com o seu cão (deve ser requisito obrigatório por estes lados) a dizer que era fascinante como nos falávamos línguas estrangeiras… ele deixou a escola, não fala outra língua que o francês, e diz ser feliz assim. Não percebi onde ele queria chegar… Nós fascinantes por “anormalmente” falarmos outra língua além da nossa, e ele o fixe porque é burro? No fim um Francês do pais basco fica admirado por eu apenas ter 23 anos! “Ah! É que com esse cachecol à papá pareces muito mais velho!”. Cachecol à papá!? Pareço mais velho!? Claro, era só apenas mais um daqueles com a minha idade ou mais, mas que ainda deve estar no 2º ano…

quinta-feira, abril 06, 2006

Jour du Tram Gratuit

Parece que o primeiro-ministro francês ainda não voltou atrás com a lei do CPE (contrato do primeiro emprego), e a contestação em França contínua. Terça-feira, foi decretada greve nacional, mas a vida em Montpellier não ficou muito alterada. Tirando a parte das cantinas! As cantinas universitárias todas fecham, e o “self” do hospital que adere a toda pequena greve não foi excepção. Ou seja Terça-feira toda a gente gramou com a bela da refeição embalada que fornecem em dias de greve. Melhor que nada…
Hoje foi o dia dos pequenos dos Liceus contestarem: Jour du Tram Gratuit! Quando voltei para casa, deparei com um grupo de “lycéens” a distribuir flores nas carruagens, apetrechados com um megafone: “Nous sommes en solde!”; “Jour du Tram Gratuit”
Como os franceses adoram greves e manifestações!
Esta semana, mudei de departamento: Pharmacovigilance.
Um ambiente de cortar à faca! Em Abril os estudantes mudam o estágio, e esta semana não sou o único a começar, somos todos! E o mais estranho: todos são da mesma faculdade, mas mesmo chegando ao 5º ano mal se conhecem… Segunda-feira parecia o primeiro dia de aulas na escola primária. Todos mognos a olharem uns para os outros, com aqueles intervalos de silêncio horríveis. Depois apresentámo-nos: “Sou o luís, estou aqui em Eramus…” logo de seguida tive direito a este brinde: “Um Erasmus! Uau! Alguém daqui fala espanhol?”. Ao que respondi: “Sou Português, como tal não falo espanhol, e estou aqui para melhorar meu francês.”. Sou mesmo uma coisa rara, um Português em Montpellier, que ainda por cima se chama Casanova. “Cásánováááá! Nous avons ici un Cásánovááá!”. A secretária ao me dar uma disquete para guardar os meus ficheiros também me pergunta se sou espanhol, e fica muito espantada quando digo que não: “Ah é tão raro um Português no Hospital…”
Depois há sempre uma personagem que quer fazer tudo e mais rápido que os outros. Enquanto está tudo nas calmas a tratar de uma notificação de farmacovigilância, esta tipa irritante, anda colada à Farmacêutica assistente com dúvidas (que nesta altura todos temos!), para assim acabar mais cedo e preparar mais notificações que os outros. Comigo está tramada! Hoje levei cerca de 30 min. a pesquisar uma coisa que se vê em 5 min. num livro que só tem um exemplar disponível na sala de trabalho. Era ver a toina a trepar paredes (toma lá para não seres tão parva!).
Depois, o pânico geral, quando nos disseram que tínhamos de fazer um resumo de cada caso em francês e em INGLÊS! Uma tragédia com as cromas da cooperativa a passarem-se! Ao verem dossiers preparados por outros alunos oiço comentários do tipo: “Eles fizeram mesmo frases em inglês! Eu não consigo construir um texto assim!”. Pois, só do moiro ninguém tem pena, sou obrigado a escrever o resumo em duas línguas estrangeiras, e não faço tal drama! Estou a ver que além de terem um ar de cromas são umas atadas de primeira. Mais uma prova de que o desenrascanço é uma coisa tão portuguesa como a saudade.
Este ambiente contrasta completamente com o que já tinha na farmácia da Mme Hansel: ontem, os internos da farmácia organizaram um jantar com os estagiários saíram da farmácia para estagiar nos outros serviços incluído aqui o Tuga.(sim, não vi a desgraça do jogo Barca-Benfica…). Uma soiré de corte e costura de todos os chefes da farmácia, e eu dos meus colegas mongos da farmacovigilâcia… No fim, ouro sob azul, as entradas, o prato principal (bife de vaca com molho roquefort), e o bolo de 3 chocolates, tudo delicioso, acompanhado por vinho: apenas 12,30 Eur! Nem queria acreditar!
E é assim que vejo que só faltam 3 semanas para tudo acabar…

domingo, abril 02, 2006

Festa no fim do mundo...

O Sol chegou em força a Montpellier. Não são ainda dias de Verão, por vezes os dias têm uma ameaça de chuva quando uma nuvem ou outra aparece, mas é o suficiente para encontrar pessoas a apanhar banhos de sol, tocar viola ou fumar brocas no relvado da minha Citè U.
Aqui o meu fim-de-semana começa à sexta-feira, que aproveitei para fazer a tradicional menage que inclui o encontro semanal com as máquinas de lavar “Electrolux” self-service, a passagem pela “Lingerie” para tocar os lençóis, a limpeza sempre superficial do meu quarto (sim, isto está um borrrrdel!), e o passeio ao supermercado… Programa interessante não acham? Mas com sol, as coisas passam de maneira diferente. Enquanto a máquina lavava a roupa, pude estar na esplanada ao sol a beber um café. Foi pena eu não me lembrar que a “Maison des pains”, consegue ter um café pior do que as borras que se bebem por aqui… Na cantina almoça-se na esplanada, com vista para o bosque da minha residência universitária. Muito agradável, até a altura que os gatos nojentos de Boutonnet começam a roçar as pernas a chular comida. De mim só apanham patadas, mas claro que há sempre o freak greepeace com uma t-shirt “NON au CPE!” que lhes cede um pouco do seu merlu, depois de ter atirado o resto do pão para o meio das árvores para alimentar os ouriços.
Antes do supermercado deixei-me ficar na esplanada da Plaçe de la Comedie, a beber um café digno desse nome, a ler um livro (em francês emprestado por uma interna do hospital, muito acompanhado pelo dicionário), e a ouvir um velhote que tocava acordeão. Como eu adoro estas pequenas coisas!
A noite começou calmamente, no Bar Circus com o Daniel e a Catarina. Para mim um dos lugares mais agradáveis de Montpellier, com gente mais normal que outros pubs (sim, aqui há gente com um gosto estranho para se vestir…tipo mocitos que se vestem de preto com brilhantes rosa… D&G em letras garrafais… para não falar de certos penteados), a música é mais variada, e o espaço é amplo. Por outro lado, os preços não convidam ao consumo.
A coisa descambou, quando perto da uma da manhã e ainda sóbrio deixei os meus colegas no Tram, e fui ter a casa da Cláudia, (a Erasmus tuga que vive com uma espanhola e uma romena), onde já se encontravam outros erasmus de arquitectura que tinham começado a beber ás 4 da tarde. Programa da noite: Festa no apartamento de umas italianas (não fazia ideia quem eram, mas isso já é típico). Artilhado com um vinho de casta “arabesque” (uma merda!) comprado numa “epicerie” de um árabe (as epiceries conseguem fechar mais tarde que os bares: só em Montpellier!), caminho com uma bando de gente para a tal festa. Digamos que da festa vi pouco, apenas consegui com dificuldade espreitar pela porta e constatar que era fisicamente impossível entrar no apartamento, e observar a fila que se fazia na escada para entrar. Mudança de planos! Festa na Faculdade de Agronomia! Apanhámos um táxi, com um senhor que não encontrava a festa, uma boa experiência para a primeira vez que apanhei um táxi cá. Aquilo tinha uma localização estranha… O espaço era igualmente estranho: parecia a festa de anos de um teenager filho de um mecânico, que pediu ao paizinho para por os carros na rua para poder fazer a festa na oficina. Não me recordo bem do género da música, devia ser muito paradinha, porque recordo-me de ter dito várias vezes ao DJ, “on y va changer de musique? Ça me fait sommeil!”. Só sei que quantidade de álcool que todos tínhamos no sangue (sim, eu em pouco tempo consegui ficar tão bêbado como eles), nos fez pular e dançar até à hora de apanhar o autocarro de volta para casa. Para variar, eu falei como se não houvesse amanhã. Cada vez que paro para pensar nas baboseiras que digo em francês quando estou com os copos até tremo. De tanto entrar no bar da festa inventei um cocktail novo: Ponche Casanova! Uma mistura de Rum, sumo de ananás e groselha. Que acham?

Eu, Victor (Espanha), Claudia (Portugal) e Joana (Roménia)

Eu (Loulé), Isabel (Valência), Jean Bruno (Quebec), Marco (Firenze)

Quatro grandes cidades representadas em Montpellier!

quarta-feira, março 29, 2006

Manifs? CPE?

Para tranquilizar toda a gente, devo dizer que as zaragatas e manifestações que fazem actualidade em França têm-me passado ao lado. Montpellier como é uma cidade muito jovem, com muitos estudantes, tem manifestações e greves dia sim dia não com todos os disturbios tradicionalmente associados. Mas tudo acontece quando estou muito tranquilo no Hospital. Ontem dei pela greve porque fui obrigado a almoçar comida embalada no Hospital (não foi pior que a comida dos outros dias...), e quando fui ao centro da cidade, so vi lixo pelas ruas.
Deixo-vos hoje com um brinde, um recorte de jornal:

Ei-la, a big boss da Farmacia Lapeyronie et Arnaud de Villeneuve! Mme Hansel a fazer a pose para o jornal Midi-Libre! Mesmo com todas estas perturbações sociais, ela conseguiu uma reportagem de destaque sobre os ensaios clinicos, devido ao que aconteceu com voluntarios de ensaios clinicos na Inglaterra. Digam là que a mulher não parece uma mejera! Reparem como ela mesmo sendo o camafeu que é, tenta fazer um ar sexy para o jornal... (Mir e Baratinha, não têm saudades desta fofa?)

segunda-feira, março 27, 2006

Bella Bradonecchia

Nunca pensei vir de Erasmus para Montpellier e passar um fim-de-semana a esquiar nos Alpes Italianos! Foi uma decisão tomada poucos dias antes do fim-de-semana, talvez um pouco precipitada, mas que não me arrependo mesmo nada!
Sexta-feira, chego de TGV a Lyon, para me encontrar com a Vera e a Isa que trataram da viagem, e com o Filipe, namorado da Vera que vinha para conhecer Lyon e acabou por passar o fim-de-semana em Itália. Pouco se dormiu na sexta-feira, uma vez que o autocarro partia ás 5:30…
Quando digo que estive em Itália, devo esclarecer que a estância de Bardonecchia fica nos Alpes mesmo junto à fronteira de França, mas essa curta distância fez TODA a diferença. Tive momentos que me senti em casa!
Os Italianos são sem dúvida muito mais próximos dos Portugueses que os Franceses, aqui vão alguns exemplos:
- Bardonecchia, acolheu as provas de snowboard dos JO de Inverno deste ano, e embora os jogos já tenham terminado, via-se obras mal acabadas ou acabadas à pressa em redor do nosso aparthotel. Quem ainda não viu exemplos destes em Portugal?
- Pedir um café junto ás pistas de esqui, pagar 0,85 Eur e receber um café super aromático, em chávena de porcelana, digno de se chamar “BICA”. Uma banalidade em Portugal, mas que em França ainda não encontrei! Aqui se peço um café, além de pagar uma fortuna, arrisco-me a receber umas borras em copo de cartão ou de plástico. Quando beberem uma bica das nossas, consciencializem-se que estão a consumir um produto de luxo.
- Jantar fora, beber um Martini como aperitivo (bebida italiana, mas que os Portugueses consomem aos litros, mesmo com aperitivos nacionais bem melhores…), pedir um DOS vinhos Portugueses que estavam no menu (Mateus Rose), para acompanhar uma Pizza deliciosa, o Filipe acaba por beber um Whisky no fim do jantar, e pagámos apenas 11,25 Eur por pessoa!
- Os Italianos que falam alto e a bom som em qualquer lugar, num italiano sempre cantado. São assim maravilhosamente peixeiros como os Algarvios. Os franceses, que “hablan como los perritos” só se fazem ouvir quando estão com os copos.
Acho que conseguem perceber porque levei eu o Sábado e o Domingo a dizer a seguinte frase: “Já vos disse que adoro Itália?”. Vendo bem, a França não é assim tão má… mas dois dias fora daqui foram como um bálsamo!
Fiquei surpreendido comigo, pois passados 3 anos da minha primeira experiência nas pistas de esqui, consegui descer pistas azuis e vermelhas (com alguns espalhos…). O pior foi as dores musculares tão típicas de quem não mexe uma palha.
Claro que dois dias souberam a pouco, tendo em conta que não perdi completamente o jeito de esquiar, e por estarmos maravilhosamente instalados num aparthotel mesmo em frente das pistas que cheirava a novo.
A história da minha viagem Lyon-Montpellier ficará para outra altura… Uma aventura digna deste blog.
Hoje, lá consegui me deslocar até ao Hospital, e tendo em conta que tenho a cara da cor de um tomate com uma marca ridícula dos óculos de sol, fui alvo de chacota de todo o staff da Farmácia. Desde a secretária da Mme Hansel que solta um “Eh lá! Companhêro!!!” e estala os dedos ao ver a minha figura, até um farmacêutico que me pergunta se fui para o solário com duas rodelas de pepino nos olhos…

segunda-feira, março 20, 2006

Chuva e mais chuva

A Primavera está próxima, e normalmente o tempo terá a tendência de melhorar gradualmente à medida que o Verão se aproxima. Mas aqui, nesta terra que muitos chamam Califórnia Francesa, isso não se têm verificado. Depois de já termos tido a oportunidade de desfrutar uns dias menos frios, o tempo piorou, e em Montpellier chove miudinho ininterruptamente há cerca de 3 dias! Califórnia de França… Tss, não sabem o que dizem… Que saudades do meu trópico Algarvio!
Esta minha revolta com clima do Languedoc tem uma razão mais forte que a simples saudade. Ontem, Domingo, o dia em que não acontece nada em Montpellier, foi o dia escolhido por mim e pelos meus colegas estagiários da Fac. Farmácia do Porto (Daniel e Catarina), para visitar a cidade de Carcassonne. É realmente um lugar a visitar quando se está na nesta região. A cidade é património mundial da humanidade, e o seu centro histórico medieval, completamente muralhado, já serviu de cenário a numerosos filmes, de entre os quais a última versão de Robin Hood (com Kevin Costner).
Parece-vos giro, não é… Agora imaginem a dificuldade de tirar uma foto de jeito, com aquela chuvinha ininterrupta e irritante. Acabámos por visitar os pontos mais importantes da cidade, e até houve alturas que nem nos lembrávamos que estava a chover, e acabei por gostar da visita na mesma. Mas tirando o centro histórico, o resto da cidade estava deserto. Ainda gostava de saber por onde anda esta gente ao domingo! Sábado, é uma dificuldade tremenda para se nos movimentarmos nas ruas, saem todos da toca. Para não falar das vezes que há manifestações (que é quase sempre) em que os manifestantes aos berros se cruzam com a multidão consumista sempre com sacos de compras na mão (viva o incrível poder de compra dos franceses). Ao domingo: Centros comerciais fechados, lojas fechadas, e a maioria dos cafés e esplanadas estão igualmente fechados!

sábado, março 18, 2006

Mala de Cartão

A adaptação aos horários praticados em Montpellier em sido rápida. Vejam só, quinta-feira às 19:30 já tinha jantado um belo merlu com “semoule” (sim aquilo do cous-cous…), e ás 20:30 já estava na Plaçe de la Comedie para ir com os espanhóis a uma festa erasmus. Quando cheguei fui avisado de que se tratava de uma festa de salsa. Apreensivo, lá me dirigi à dita festa. Àquela hora o bar já estava cheio de erasmus “não latinos” que praticam estes horários esquisitos, todos contentes numa coisa que parecia uma aula de salsa, e não propriamente uma festa: Que enjoo! Imaginem uma bar mínimo cheio de nórdicos e bifes (todos com ar de cromo), e uma francês ridículo de microfone a ensinar os passos, com e sem música… OK, bazámos logo dali. O resto da noite consistiu num “botelhon”, bem à moda espanhola em frente da Opera Comedie. Comprei um vinho na loja de conveniência que não deve ficar longa do pior vinho rosé do mundo, e que não foi propriamente uma pechincha! Com 3,50Eur comprava em Portugal um Mateus Rose, de qualidade e sabor muuuuuuito superior à murraça que bebi. Deitei-me relativamente cedo para quem saiu, por volta da uma da manhã, mas o dia seguinte começou com uma dor de cabeça e uma ressaca de quem fez a “grosse fête” até as tantas. Eu que só bebi uma garrafa de vinho a noite inteira…
Normalmente não ponho os pés no “Hopital Lapeyronie” ás sextas-feiras, mas logo ontem que o dia começou de maneira difícil, tive de ir lá para terminar um trabalho que comecei esta semana. Ao entrar na Farmácia, oiço os berros da Mme Hansel (chefona), que estava completamente estérica à procura das suas secretárias (sim ela tem duas secretárias), e vejo todos os farmacêuticos e internos sentadinhos na sala de reuniões caladinhos como se ela os tivesse posto de castigo. A manhã, que se revelou difícil com a “dor de pinha” que tive de suportar, terminou com mais um combate entre moi e um farmacêutico acerca da imagem que os franceses tem de nós. Desta vez levei com uma bomba difícil de argumentar: Linda de Suza! Eles pouco conhecem de Portugal, mas toda a França conhece a mala de cartão desta grande cantora. Tive de levar com uma coisa do tipo: “Nós até não temos má imagem dos Portugueses actualmente, mas tens de compreender que durante muito tempo a Linda de Suza foi o rosto de Portugal em França. Conheces a mala de cartão?”. Tão a imaginar a minha cara semi-envergonhada… Alguém que me ajude a contra-atacar isto, porque não conseguir arranjar resposta à altura.
E para curar a ressaca, nada melhor que beber uns copitos! Ontem foi a “crémaillère” (festa de inauguração) do apartamento da Cláudia e suas “colocataires” espanholas. Realmente as festas de apartamentos são as melhores de Montpellier. Há bebida com fartura, gente que se sabe divertir, e acabam sempre ás tantas da manhã! Desta vez até deu para apanhar o primeiro Tramway para voltar para casa. E o melhor de tudo, hoje não acordei com dor de cabeça.

E as festas são mesmo assim! Na foto uma amostra da mistura de nacionalidades: um italiano, um espanhol e uma espanhola, um canadiano (Quebec) e o tuga!

segunda-feira, março 13, 2006

Frio de Lyon

Para fechar uma semana bastante animada com chave de ouro, nada melhor do que passar o fim-de-semana fora de Montpellier. Destino escolhido: Lyon! Uma cidade que acolhe duas conhecidas colegas da FFUL (Vera e Isa), e uma amiga de Loulé da FFUC. Com tanta gente conhecida ao alcance de uma confortável viagem de TGV, há que aproveitar!
Desta vez adicionei mais uma pousada da juventude francesa ao meu portfolio, uma vez que a casa das minhas colegas já albergava a mãe e a irmã da Vera. Ao contrário da homóloga de Montpellier, a pousada de Lyon é muito agradável! Um edifício renovado, situado no centro histórico e com uma vista panorâmica excelente da cidade.
Perguntem-me porque é que um algarvio, que nunca esteve em Lyon e deixa a morada da pousada em casa, decide sem perguntar a ninguém procurar o dito “batimento” sozinho? O resultado foi, após uma viagem de metro a Vieux Lyon, subir na companhia do meu troley uma rua super inclinada de calçada (ou seja faz de conta que o troley não tem rodas) e chegar a um jardim onde não conseguia encontrar nenhuma indicação para a tal pousada. O esforço foi tanto, que já suava e nem deu para sentir o frio que fazia. “OK, agora não vou perguntar nada a ninguém… só um parvo é que sobe uma rua inteira à procura de uma coisa que não tem a morada”. Resolvi descer de volta ao metro de onde saí por uma outra rua que “aparentava” levar-me ao mesmo lugar. Desta vez a descida tomada, não era de calçada e tinha um ar menos secundário. Após passar a primeira curva: “Auberge de Jeunesse Vieux Lyon”. Afinal o meu palpite não estava mal de todo! Tomei foi o caminho mais longo e difícil. A vista sobre a cidade compensou o esforço.


Jantei em casa das minhas colegas, que estão muito bem instaladas num estúdio com mezanine (um dia explico-vos melhor este conceito de apartamento que há muito aqui pela Frannnçe), com Internet e TV! Estes bens tão essenciais que eu não tenho no meu palácio de Montpellier. No mesmo fim-de-semana como a mãe e a irmã da Vera também se encontravam de visita a Lyon, tive a oportunidade de jantar algo maravilhoso confeccionado por mãos de uma mãe portuguesa: bifes com aquele gostinho tão português do alho refogado. Que saudades do nosso tempero!
O sábado foi reservado para conhecer uma vila medieval fora de Lyon: Perouges. Um autêntico cenário de um filme da idade média, tipo Robin Wood ou D’Artagnan. Aproveitamos também para degustar a típica “Gallete de Perouges, que fazia lembrar uma pizza doce. Tanto a Gallete como o quentinho do restaurante, souberam-nos maravilhosamente bem, tendo em conta o frio gélido que se sentia por lá.


De regresso a Lyon ainda tive tempo para conhecer os pontos-chave da cidade, no meio do enorme fluxo de gente que, apesar do frio, saí de casa Sábado à tarde. Constatei que a cidade é óptima para fazer compras. Ai se eu tivesse dinheiro… perdia-me por lá!
Domingo foi a vez de passear no bairro de Vieux Lyon com a minha amiga Susana (que além de portuguesa, é de farmácia e Louletana) e a sua colega Carolina. O Domingo revelou-se realmente muito, mas mesmo muito frio, tempos de vez enquanto tínhamos de entrar numa loja para não morrermos congelados. Conhecemos ao almoço, uma maneira um pouco estranha de atender os clientes: deixaram um papel e uma caneta na mesa para anotarmos o que queríamos! Estão a ver o sarilho que foi para escrever o nome das especialidades Lionaises que queríamos almoçar…
Adorei a cidade de Lyon, e adorei ser recebido pelas minhas colegas e amigas. Vera, Isa Susana e Carolina: Muito obrigado por tudo!

quinta-feira, março 09, 2006

Laverie

Aqui na France, ou pelo menos em Montpellier, somos obrigados a ganhar o hábito de fazer a “Laverie”. Neste momento encontro-me na Laverie Pacific, de frente para as “machines à laver” e “sechoirs” aguardando que o programa de lavagem da minha roupa termine. E para ajudar a passar melhor o tempo, vim o com o meu fiel amigo portátil by LIDL, para poder escrever qualquer coisa para o pharmagilense.
Eu que só conhecia este conceito de lavandaria das séries americanas dou por mim numa cidade, em que encontro uma coisa destas em cada esquina. O conceito de poupar água e energia realmente está implementado por estes lados. Ao que parece, os montpellieriens (será montpellierienses em português??), não têm máquinas de lavar em suas casas, assim além de poupar nos seus poucos banhos, poupam também na lavagem de roupa. Aliás, poupam de duas maneiras, porque já reparei que andam sempre com a mesma roupa… São tão Greenpeace!
O conceito casa de banho também é diferente. Um exemplo prático: ontem à noite depois de alguns copos de cerveja, senti uma normal necesidade de encontrar a casa de banho, e pergunto ao meu colega francês “Ou est la salle de bain?”. Tendo em conta que a casa de banho francesa, não tem sanita, mas sim um duche ou banheira e respectivo lavatório, o rapaz deve ter pensado: “Tal é a moca que ele já leva, que agora quer tomar banho!”. Mas não, eu queria era mesmo mudar a água ás azeitonas! Arranajar espaço para outra cerveja! Mas pronto, o rapaz lá me corrigiu, e chamou-me à atenção que o que eu queria era ir à Toilette, que é diferente de salle de bain. A dita toilette, era digna de ser fotografada, mas como não estava muito alterado não tive coragem… Imaginem um compartimento quadrado forrado de azulejo azul, uma única vala que percorria todas a paredes, e uma entrada sem porta, mas com aquelas fitas de plástico utilizadas para afastar as moscas… Ainda acerca das casas de banho, aqui não há bidés! Uma palavra que aparente ter uma génese francesa, mas inexistente nas casas de banho. As raparigas portuguesas realmente têm-se queixado, como é normal! Mas um homem ás vezes também precisa de tirar os cholézito dos pés. Sem ajuda do bidé, já consegui ultrapassar esse problema. Primeiro tentei com o duche, não era muito prático pois molhava-me mais que a conta. Estudei então a possibilidade de usar o lavatoire que tenho no quarto… Resultou, com alguma acrobacia, lá me ponho na cabeceira da cama com os pés no lavatório e problema resolvido.
Para terminar deixo umas fotos, que ilustram uma semana bem fivertida.


Festa de anos surpresa da Cármen, na casa que a aniversariante divide com uma amiga e com esta personagem: Alice, uma velha com mais de 70 anos, que adora quando há festas em casa, e bebe conosco umas cervejinhas.
Este prato maravilhoso, ilustra a porcaria que se come em Espanha, mas que eles adoram! Portanto, isto é Bimbo torrado, com tomate moído, sal e azeite. Eu fiquei encarregue de moer o tomate com o utensílio que normalmente utilizamos para ralar cenoura. Hum, que bueno… Ainda bem que havia outras coisas para comer na festa.
Ontem, após degustação de cocktails na farmácia ás 19h (a caipiroska que levei fez o maior sucesso!), soiré erasmus no Pub Macadam, o tal da Toilette minimalista. Na foto, as minhas duas colegas de estágio, uma catalã e outra valenciana, e um andaluz de letras. Digamos que as meninas baldaram-se hoje ao estágio porque foram para a diconight, e ainda me tentaram convencer… Mas tinha ficado de mostrar umas coisas a um “interne” da farmácia, que não esteve lá hoje! Claro, que após ter perdido o último tram da noite, voltado para casa à pied, e ter ido ao estágio para fazer nada depois de tantas noites de farra, estou cheio de sono!!!

terça-feira, março 07, 2006

Santa ignorância

Quando associamos bacoradas geográficas e históricas a ilustres americanos como o nosso caro George W Bush, pensamos “pelo menos nisto os Europeus são melhores!”.
Bem se calhar as coisas não são bem assim… Dia após dia, tenho constatado a profunda ignorância dos Franceses face à nossa riquíssima história, cultura e gastronomia, para não falar dos clichés associados aos portugueses.
As pequenas coisas que vos irei contar aqui devem ser apenas a ponta do iceberg, imagino o que esta gente deve comentar quando não estou por perto.
Alguns de vós deverão saber que, embora goste muito de contactar e conhecer outras culturas e gentes diferentes, tenho uma faceta muito nacionalista e muito orgulhosa de ser Lusitano! Eu sou daqueles que não compra enlatados sem ter o selo de produtor português, e passo-me quando vou ao supermercado e não posso comprar fruta e legumes portugueses.
Hoje um estagiário franciú, depois do almoço enquanto tomávamos café coloca a seguinte questão: “Vocês em Portugal têm Rei como Espanha?”. O café até me caiu mal… Principalmente porque a mesma pessoa no dia anterior dizia que Portugal era “petit comme pays”, e teimava que o nosso país não era maior que a região do Languedoc (região onde me situo, sendo Montpellier a capital). Estão a ver a minha cara… Só lhe respondi o quanto estava estupefacto com a ignorância deles face a Portugal!
Mas então não foram os Espanhóis que começaram os descobrimentos? A sério o Barroso da União Europeia é Português? É só coisas destas que tenho ouvido, acho que só falta a perguntarem se o Português não é um dialecto do Espanhol…
Então e o que se come em Portugal? Bacalhau e sardinhas. Nem sei como ainda não ganhámos guelras e escamas. Não quero enunciar as tantas especialidades da nossa maravilhosa cozinha, mas ao menos não precisámos de adoptar o “cous-cous” e a “mergêz”, como pratos nacionais! Depois quando saímos das discotecas como fome comemos pão com chouriço ou mesmo caldo verde, eles comem “kebab frites” que é um prato tão francês como o hambúrguer do McDonalds.
Hoje, também me informaram que as portuguesas estão associadas ao cliché da mulher com pêlos na cara ou “femme de ménage”. Eu se vivesse aqui em França era de certeza filho de porteira. Coitados, caíram na asneira de perguntar qual era o cliché que nós tínhamos para o povo Francês: “Vocês não tomam banho, por isso é que a maioria dos perfumes vêm de França!”. Valeu-me a secretária da Mme Hansel, que confirmou a badalhoquice da maioria dos Franceses. Eles muito indignados responderam: “OK! Mas nós não somos assim!”.
Depois como se não bastasse, é vê-los a falar super fascinados de Espanha! Um país maravilhoso, cheio de coisas lindas para descobrir. Os Espanhóis com suas particularidades tão giras… por exemplo, um farmacêutico falou-me que esteve em Barcelona e adorou ver uns lugares onde se podia fazer siesta, rematando com um “J’aime la Espagne!”. Para não falar das vezes que eles perguntam todos felizes ao Valenciano “comme se dit ça en espagnol?”. (ok, neste momento podem imaginar-me a trepar paredes)Saiu-lhes a pessoa errada na rifa! Eu não me deixo ficar com o: “oh, não conhecem nada de nós… somos mesmo pequeninos…”. Faço questão de fazer com que eles se sintam mal com esta santa ignorância que me revelam dia após dia. E é assim que começo a ganhar o respeito de muitos, contribuindo para melhoria da imagem que têm de nós. Por alguma razão a tramada directora da farmácia Mme Hansel guarda um bom souvenir das últimas portuguesas que cá estiveram. Ai, ai! Eles não sabem com que se meteram!

domingo, março 05, 2006

Mais amigos, mais farra!

Depois do Carnaval deprimente que a minha pessoa passou por terras de Montpellier, tive a oportunidade de uma desforra valente que começou logo na quinta-feira.
Começo igualmente a verificar que estes franceses não jogam definitivamente com o baralho todo… quinta-feira antes do almoço, fui arrastado para a sala dos ensaios clínicos da farmácia Lapeyronie, para beber um cocktail que uma coleguinha tinha levado: PONCHE. Verdade, esta bebida começou a perseguir-me, depois da dose da festa de arquitectura, o ponche amarelo tem sido uma presença constante. Devo informar que o emborcanço de ponche passou-se antes do almoço, de estômago vazio: Resultado, eu não calei a “matraca” até à cantina, o meu colega espanhol dizia que estava um pouco zonzo…
Para me passar a neura do Carnaval, pelas 20:30, o Luisito já jantado, dirige-se à Happy Hour de um bar/disco que é tipo o ponto de encontro da espanholada para começar a beber jolas. E desta vez já sem problemas de entrar no bar e beber sozinho: glup, glup, glup… ahhh! Depois o normal, toda a gente se cortou e eu fiquei a apanhar do ar! A noite salvou-se com um sms da minha amiga Erasmus portuguesa que me avisa que a “malta” esta beber uns copos na sua nova casa, à qual me juntei até cerca das 4h!
Na sexta-feira, fui uma festa erasmus, que não teve piada nenhuma…
Como tenho visto ao espelho, um Sr. Luís Casanova, com uma cara super redonda, típica de quem anda a comer mais que a conta, decidi ir ao shoping sábado depois do almoço comprar uns ténis! Amanhã, se os calções da praia ainda me servirem, vou começar a correr. Penso que as minhas corridas darão umas boas historias para o blog.
A mesma tarde acabou por passar da melhor maneira, junto de novos amigos, a beber cerveja na varanda do centro de congressos de Montpellier. De referir, que a cerveja é comprada do supermercado, e esplanada é improvisada no Heliporto do edifício, que tem uma vista magnífica! Jantamos juntos, uns maravilhosos bifes com cogumelos, em casa da portuguesa Cláudia (os pais dela estiveram cá esta semana e deixaram uma garrafa de vinho do porto, vinho tinto, queijo e chouriço Alentejanos!), ao som da banda sonora do meu portátel by LIDL. Depois já todos alegres fomos parar a uma festa num apartamento, onde mais uma vez não se conhecia os proprietários! Um autêntico casarão perto da place Comedie (centro de Montpellier), onde vim a saber que vivem lá dois franceses, uma espanhola, duas suecas e um marroquino… a autêntica residência espanhola. Adorei o abat-jour feito com um pin das obras que estava no corredor. A casa era tão grande que havia uma zona chil-out e uma pista de dança(foto da festa: um galego, um luxemburguês, uma portuguesa, um canadiano do quebec, uma espanhola, e eu meio cortado). Acabei a noite completamente bêbado a procurar bebida com um luxemburguês e uma espanhola nos frigoríficos da casa. A última foto sou eu a caminho de casa…

terça-feira, fevereiro 28, 2006

Mardi gras

Será que eu ainda sei o que é Carnaval? Pelo segundo ano consecutivo, vejo-me privado do Carnaval junto dos meus amigos mais foliões. No ano passado um exame marcado para depois do Carnaval (que crime!), obrigou-me a ficar em Lisboa a estudar e tive de me contentar a ver o Carnaval do Rio de Janeiro no GNT.
Este ano que não tenho exames para fazer, encontro-me aqui na Lavandaria self-service da Cité U à espera que o “sechoir” acabe de secar uma máquina de roupa… São tempos difíceis para um Louletano, que está habituado a festejos de Carnaval desde tenra idade. Mais um ano sem festa do pijama no Black Jack, concurso de máscaras no Baile do Parragil, rebuçados e ovos podres na avenida principal de Loulé ouvindo a mesma K7 de músicas de Carnaval ano após ano… (Os louletanos que lerem isto sabem ao que me refiro: Brijite Bardot Bardot… Ehhh, meu amigo Charlie! Charlie Brown!... Você pensa que cachaça é água…Êh ôh ôh ôh Mustafa!). E a noite de segunda-feira na Kadoc! Tudo mascarado a bombar! E encontrar gente que não vemos desde tempos do Liceu, ou desde o último Carnaval.
Neste “Mardi Gras” (esta gente liga tanto a isto, que hoje é mesmo terça-feira gorda, não há cá Entrudos nem Carnavais…), só vi uma pessoa mascarada à porta da cantina. Dado o enquadramento, uma figura bem ridícula fazia, era de certeza uma praxe ou coisa parecida. E hoje não é só este “mardi” que está gordo, constatei que devo ter engordado uns 5 kg no mínimo desde que cheguei a esta cidade. É que a comida do Resto U pode ser estranha, mas vem em quantidade e cheia de queijos e molhos. E a dose de paparoca do almoço repete-se ao jantar, uma vez que não estou para cozinhar na cozinha comum da residência… E quem me conhece sabe que com fome ou sem fome, prato mal ou bem cheio, sou incapaz de deixar uma migalha de sobra! Agora é tentar o impossível: comer devagar e apenas o suficiente (estão a ver-me a fazer isso não estão!?).

Chez les amis

O ponche marado que bebi na festa de arquitectura ainda acordou comigo na manhã de sexta-feira, mas nada que não tivesse passado com um belo duche no balneário comum, que continua muito pouco partilhado…
Aparentemente bem despertado, ainda consegui terminar a minha mala de fim-de-semana e apanhar o tramway para a gare com tempo para tomar um café tão essencial nestas manhãs difíceis.
10:06 o comboio “Corrail Teoz” com destino a Nice e paragem em Marselha chega e sai de Montpellier pontualmente. Entro no comboio e vejo toda gente encasacada. «Passaram-se, então isto supostamente é “climatisé”». Pois é, mas realmente estava um frio horrível no comboio, eu que o diga, igualmente encasacado no meu lugar junto à janela e à saída de ar frio vi os meus planos de dormir na viajem a “irem por água abaixo”. Mas ao menos a viagem foi bem rápida, e chegado à Gare “Marseille Saint-Charles” já tinha à minha espera o amigo de família Henri Rosa que encontrei mal saí do comboio.
Soube bem ser tratado como um filho durante o fim-de-semana, a comer comidinha caseira (sem merlu!), passear calmamente e dormir com uma almofada convencional.
Ficam aqui algumas fotos de Aix-en-Provence, Martigues a “Veneza provençal”, e da Côte bleue junto à Marina de Carry le Rouet.

Architecure

Peço desculpa a quem sentiu falta destas minhas divagações, realmente já faz uma semana desde que “postei” o último texto pharmagilsense! A verdade é que a sala de informática da Citè U onde habito, tem estado fora de serviço e de 6ª-feira a domingo estive fora de Montpellier longe do meu portátil by LIDL onde redijo estas lindas crónicas.
Depois das festas “privées”, foi a vez de um primeiro contacto com uma festa universitária. Saiu-me na rifa uma festa na faculdade de arquitectura, que fica no fim do mundo como se diz por cá. Para meu alívio, pude falar em português grande parte da noite, graças à companhia de uma erasmus portuguesa de direito e de um espanhol que fala igualmente português! Ok, eu explico… o espanhol é da Galiza, não é como os meus colegas de estágio que falam castelhano e catalão todo o dia.
Quando cheguei nem pude acreditar no que via… “Bierre” a 1,50 Eur!? Sim, estava a ver bem, cerveja a preço normal! O pior foi quando me dirigi ao balcão para pedir uma: cerveja de lata a ser despejada em copos de plástico, e não ficando por aqui, a dita cerveja vinha a uma temperatura muito amena e com pouco gás… A típica cerveja mijo de burro que em Portugal não a beberia, exceptuando possíveis estados de alcoolémia muito avançados. Mas bebeu-se, e soube-me muito bem! É assim: depois de um mês a ver cerveja a 4,50 Eur, vocês meus caros amigos amantes de jola, também iriam adorar a cervejinha mijo de burro a 1,50 Eur.
A música, também assim diferente do que estou habituado nas saídas à noite, mas soube bem poder ouvir Beastie boys, Fatboy slim e Groove Armada. Coisa que os fãs da Shakira amigos dos meus colegas de estágio não apreciam, mas que os janados de direito e arquitectura que conheci nessa noite adoram.
O meu relógio marcava meia-noite e pouco, quando surge a notícia que a cerveja tinha acabado! Bem… é certo que a cerveja não era lá “grande espingarda”, mas em Portugal a cerveja numa festa universitária não acaba tão cedo (Acho que nem no famoso magusto dos 3 barris de cerveja encomendados pelo Fuzeta, a dita acabou tão cedo…). Restava um vinho tinto de pacote, ou uma coisa amarela que diziam ser ponche. Venha lá o ponche! Eu que tinha um comboio para Marselha no dia seguinte faço com cada uma… só sei que o caminho da faculdade à cite U, não foi o suficiente para queimar o álcool fornecido por tal bebida!

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Goooloooo…

Pois ontem o glorioso, que tão poucas alegrias nos tem dado nos últimos dias, jogou na “champions league”, e eu andei desesperado à procura de um cafezinho português para poder ver o jogo “o mais em casa possível”. Mas não, em Montpellier só há Kebabs de árabes abertos toda a noite, não há um café português onde se possa comer um pastel de bacalhau com uma mini sagres, e claro ver o Benfica!

Hoje ao tomar uma bica (horrível para o preço que foi) com uma portuguesa que conheci na festa de mascaras dos italianos, descobri que está cá outro amigo luso na faculdade de letras que fanático pelo Benfica também tem andado à procura de um lugar para ver o jogo. Na esperança que ele tenha tido mais sorte que eu, enviei um sms para saber se ele sempre tinha encontrado esse lugar raro para ver o jogo. Mais uma vez, não! Também não encontrou nenhum lugar e ficou ligado à net para ouvir o relato numa rádio portuguesa.

A hora do jogo aproximava-se e pensei: “Vamos embora para um pub irlandês onde passa futebol! Pode ser que no fim do jogo que lá esteja a passar eu passe um resumo do Benfica vs Liverpool”.

E assim lá fui eu para o centro histórico de Montpellier, para o famoso pub FritzPatricks tentar a minha sorte. Ao abrir a porta do pub deparei-me com uma multidão a beber cerveja e a olhar para as várias televisões distribuídas em cada canto. Não percebia que jogo estava a passar em cada ecrã, mas reparei que eram jogos diferentes. Ao meu lado um francês falou em Liverpool: “En quel télé est le Liverpool!?”, a resposta a minha pergunta apontava para o fundo do pub, depois de uma multidão de adeptos não sei de que clube, para uma sala onde estava meia dúzia de bifes a beber “lagers” bem grandes não muito entusiasmados com o jogo, e claro, todos do Liverpool…

Depois de atravessar um pub cheio que nem um ovo, ainda cheguei a tempo de ver o início da 2ª parte do jogo, e roer as unhas de todos os dedos, por estar a conter todos os meus berros e palavrões normalmente emitidos nestas situações… e claro nem pensei em pedir uma cerveja para me aclamar (6.00 Eur ou então aquela de 3,40Eur que só traz um mijinha…). Tive de deslocar para um cantinho escuro para poder unir as mãos, roer as unhas, esbracejar, morder os dedos (dolorosamente em silêncio) sem dar muito nas vistas. A porcaria do jogo, ainda por cima resumia-se a ataques do Benfica não concretizados, mesmo a pedir um par um berros à Algarvia… Luisão marca e golo e não aguentei: “GOOOOOLO000ooo…Sozinho, de braços no ar soltei toda fúria que tinha em mim, mas num degradê sonoro decrescente à medida que toda a gente olhava para mim. Um puto bêbado ainda me perguntou num sotaque muito british “You are for Benfica, or we’ve drinked too much?”. Duuhhh! Com a figura que eu fiz havia de ser do quê? Do Chelsea? A resposta claro que foi “both things”.

O jogo acabou, eu bati palmas e saí imediatamente para rua para apanhar uma chuvinha daquela tipo “molha parvos”. Os meus dias têm sempre de acabar com algo nada normal. Pois vejam, enquanto esperava o tram fui interrompido por uma frase muito estranha: “Sorry… I’m desolé … ham… parlez vous anglaish?”. O sotaque não enganou, dois americanos que a chuva obviamente molhou muito mais, a procurar um bar australiano onde os estudantes dos states “hang out”. Não lhes soube ajudar, mas enviei os americanos bêbados que nem uma porta para um cybercafé, podia ser que a Internet lhes ajudasse. “Oh my God! Why we haven’t thought about that!! You’re a genius man! Thanks a lot Luigee!”

sábado, fevereiro 18, 2006

A vida na France não é “comáqui”! Han!

No meu caso diria, não é como aí… Nem sabem como os emigrantes tugas de France têm 100% razão ao dizer tão célebre frase.
Ontem, como não fui ao sítio habitual da “pinte” a 2,50Eur, fui mais uma vez delicadamente assaltado ao pagar 4,50 Eur por uma cervejola em botelha. E pior é que voltando ao sítio habitual da cerveja barata, deparo-me igualmente com uma conta de 4,50 Eur… Parece que ao fim de semana essa promoção tão boa não está em vigor. Estou cá a ver que tenho de arranjar um stock de jolas para fazer “botellon” ao “weekend”, porque cerveja a este preço não lembra a ninguém!
Hoje, fui almoçar à cantina (ou “restô U” à francesa), e claro que como já fui um pouco tarde a carninha já tinha acabado (poulet à la basquaise). Adivinhem o que almocei… MERLU! A dita pescada que as cantinas de cá devem comprar com uma bonificação de 200%. E não era um merlu qualquer: merlu au sauce tartare! Quando a mulher emborca uma concha daquele molho por cima do peixe e das batatas pensei: “hoje vais ter de ir ao kebab do turco para almoçares”.
Enfardei-me de salada, que como é self-service é o que nos livra, dá para “acagular” o pratinho a que temos direito até altura que formos capazes. Por fim o filete de pescada cosido com molho até nem soube muito mal… Acabei de almoçar, e a bela sensação de enjoo típica dos molhos aparece: “preciso de um café!”.
O café da cafetaria da cantina mesmo sendo uma “bodega”, sempre dá para o gasto e acima de tudo é barato e não é dos da máquina que se põe a moedinha. Mas eis que não… ao sábado não há cafetaria que te “lixas”!
Bem… como tinha de ir ao centro, aproveitei e fui logo, assim sempre tomava um café e uma Perrier (bem boa!). Sentei-me numa esplanada e desfrutei do sol maravilhoso que tem brilhado nos céus do Languedoc. O café até estava próximo do português, e a Perrier óptima como sempre. O anormal do empregado de mesa é que me estragou o “aprés-midi”, com os 4,20Eur de conta!
Fui dar mais uma voltinha para esquecer o preço do café e da perrier… Deu para descobrir umas ruelas com coisas “muito à frente”, e finalmente consegui entrar na Opera Comedie (o ex-libris de Montpellier), para sacar um programa dos espectáculos. Quando saí da ópera pela porta principal para a praça da Comedie, dou comigo numa espécie de palco improvisado de uma manif dos árabes contra a discriminação, os cartoons e aquelas coisas todas… “Desculpem qualquer coisinha, mas não era suposto eu estar aqui”. A minha saída não foi discreta… tudo à minha frente a manifestar-se e eu a tentar sair do meio dos líderes árabes de Montpellier!
Ao menos descobri um lugar de nome “Louis” (nome giro sim Sr.), que tem crepes para ir comendo na rua a 1Eur. “Eh lá! Vou já comer uma crepe não vá a promoção acabar! Didon, a vida na França não é como lá em Portugal!”

Chez moi!

Pois é malta, já tenho os cabos para sacar as fotos da maquina!
As primeiras imagens que disponibilizo são do meu lar...
A primeira foto é o edificio central da Cité Universitaire Boutonnet (secretria e coisas dessas), depois já mais 6 blocos de quartos que ás avrores não deixam ver.
Este é o meu buraco, que acham? Chambre renové com lavatoire e mini-frigo! Segundo a descrição de outras residências, digo-vos já que não está nada mau.
Reparem que até tenho um interfone! Pena ser tão super irritante. Quando toca emite um ruido super agudo que só para quando se atende. O Lavatório uma peça essencial, principalmente para os estes franceses que raramente usam o duche (duche que é comum, mas pareçe que tenho a quase exclusividade do mesmo), que assim podem fazer a sua "higiene ligeira" sem ter de sair do quarto. O que para mim é optimo: o duche raramente esta ocupado e é mesmo na porta em frente do meu quarto.
O pior tem sido dormir com aquela almofada em forma de salsicha... Esta gente diz-se tão avançada e usa almofadas destas!?

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

A marcar pontos!

Embora pouco ou nada tenha para fazer aqui no CHU Montpellier, devo-vos dizer que acabei de marcar mais uns pontos face aos outros estudantes que por aqui andam!
Hoje foi dia de apresentações de trabalhos e casos clinicos por parte dos estagiarios franceses, e nos os Erasmus somos "obrigados" a assistir...
Pois bem, um estagiario apresentou um caso clinico acerca de antibioprofilaxia em cirurgia e atrapalhou-se um pouco. A implacavel Hansel começa a metralhar: "n'est pas comme ça" e tal... Não sei o que me deu, mas em vez de tentar passar despercebido olhei para a Mme Hansel (Sra. professora directora pharmaciene...) ao mesmo tempo que ela volta a frente de ataque para territorio internacional: "comment vous faites ça à Lisbonne?"
Zàas, toma là morangos, falei e falei bem. Que alivio... A frente de ataque volta-se para a Catalunha e Valência com a mesma pergunta, e... encolher de ombros colectivo.
Mme Hansel depois de dar uma descasca aos francius, porque ela propria lhes tinha dado a materia na faculdade diz o seguinte: "Vous êtes forts à Lisbonne!"
Mas esta gente pensa que esta a lidar com parvinhos? Eles nem imaginam a "espécie" que é o Farmacêutico português! Me aguardem, isto ainda é sò o começo... Ah!Ah!Ah!

PS - Texto escrito no hospital com o teclado de me*** dos franceses, por isso os acentos estão um pouco trocados. Desculpem o "Ah!Ah!Ah!" final, mas hoje sinto-me ainda "mais grande" que o normal.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Merlu?

Pois é meus amigos, tenho andado a comer coisas muito estranhas nestas cantinas do Montpellier de France. Há um peixe que teima em aparecer nos menus diários, que tem nome estranhíssimo: Merlu.
Não vos diz nada pois não? A mim também, mesmo tendo gramado postas de tal espécie confeccionadas no forno com uns molhos brancos à mistura. Saber mal, não sabe mas também não lá grande pitéu, enfim come-se…
Hoje cheguei à cantina da faculdade de “odontologia” (onde estuda uma espanhola completamente louca, que hoje deixou cair uma dentadura acabadinha de fazer no chão), e no menu lá estava o amigo merlu mais uma vez. Eis que perguntei à espanholada se eles sabiam o que era o dito peixe, e no meio de tantas palavras em espanhol parecidas com merlu e algumas achegas de uma francesa que ouvia a conversa, fiquei na mesma… Até que o meu colega “Raimond” (Raimundo, Raimon, sei lá…) se saltou com “pescadilha”, um termo utilizado em Valência para o dito merlu mais pequeno. Tcham nam! Fez-se luz! Então “pescadilha”, lembra “pescadinha de rabo na boca”! Pescadinha grande é a Pescada! Será que andei a comer pescada no forno este tempo todo?
Prova dos 9, ver no dicionário o que significa Merlu. Bem que o dicionário já vem do tempo que em que a minha mãe estudava na Escola Industrial de Loulé, mas quer dizer haveria de ter o dito merlu na parte francês-português. A pescada é coisa mais banal do mundo!
Mas não… nem merlu, nem merlão! Plano B: ver na parte português-françês, “pescada”. O resultado foi merlan! Até é parecido, mas não é merlu!
Agora vem a parte da interpretação:
- Eu ando já a dar em parvo com a comida da cantina e já nem atino na leitura dos menus e tem lá estado sempre escrito merlan e não merlu?
- Merlu será simplesmente a tal especialidade de merlan no forno com a bodega do molho branco?
- O dicionário LAROUSSE dos anos 60 não tem os termos culinários utilizados neste novo século actualizados?
Podem ir dando palpites…

P.S. – Hoje o jantar foi ravioli! Yuupi!

domingo, fevereiro 12, 2006

Carnaval antecipado

Os dias vão passando, e vou sempre sentindo falta de uma coisa ou outra que poderia ter trazido comigo ou não… Sim porque ninguém se lembra de trazer um esfregona ou um balde quando vai de viagem. Foi assim que, mais uma vez guiado pelos meus novos amigos espanhóis, fui ao IKEA num sábado à tarde. Os IKEAs são todos muito parecidos uns com os outros, e o de Montpellier quase que rivaliza com o de Lisboa ao nível da quantidade de gente que põe lá dentro a passear com criancinhas a uma velocidade estupidamente lenta. O desatino para quem vai lá já a saber o que quer! Sem deixar de referir os “mira que bonito! Yo lo quiero!” das espanholas que têm uma grande tendência para comprar coisas inúteis. Pois bem, como resultado de tal “promenade” fiquei equipado com um pratinho, um kit de talheres, (que segundo as espanholas era escusado comprar porque dava para “gamar” na cantina) uma caneca, um tachinho uns panos de cozinha… Enfim dá sempre jeito, mesmo que a minha cozinha seja comum, uma vez que estou muito próximo de enjoar a comida da cantina.

Depois de me ter escandalizado com os preços de um Pub irlandês (6 Eur por uma imperial, ou 3,60 Eur por uma em copo pequeno que traz só um “niquinho” de cerveja…), ontem foi a vez de ir a uma festa “caseira” em casa de uns italianos que decidiram fazer uma festa de disfarces. Eu bem perguntei se não seria má onda de lá aparecer sem conhecer os donos da casa e sem máscara… Mas segundo os espanhóis estes italianos querem é ter gente em casa e que recebem todos com um “bienvenue” em sotaque italiano.

Disfarçado de tuga, e artilhado com um Martini compareci na tal festa de Carnaval antecipado. Os meus amigos espanhóis lá improvisaram uma máscara de pirata, enquanto as catalãs (sempre à nora como de costume) acompanhavam-me no grupo de não mascarados. Chegados ao apartamento dos italianos, que fica numa rua não muito longe do centro, num último andar de um prédio do calibre “Rua da Madalena”, a festa já tinha começado. Os anfitriões vestidos de mulher das limpezas, equipados com balde e esfregona lá nos receberam com o tal “bienvenue”. O apartamento estava equipado para a festa com um soalho de cartão descartável e um bengaleiro improvisado, e mesmo não sendo muito grande suportou a toda a gente que entrava continuamente na festa. No meio de tanta gente: duas portuguesas! Que alívio foi poder falar numa língua em que somos fluentes.

A festa deu também para constatar que se fala muito melhor francês com uns copitos em cima. Falei, falei, falei… nem lembro ao certo que baboseiras andei por lá a dizer! Depois disto tudo só tive pena de não ter acordado a tempo de dar um saltinho ao “Maché aux puces” (feira da ladra cá do sítio), para comprar algum utensílio doméstico que ainda me faça falta.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Une Pinte!

Fazendo o balanço de uma semana de estágio, consigo apenas contabilizar uma manhã de “estágio real”, uma manhã em que estive com os técnicos responsáveis pela gestão das existências em armazém. Reparei que pouco irei ter de fazer durante este estágio… Como a big boss da farmácia teve a feliz ideia de me por a estagiar a tempo inteiro, estão a ver a grande seca que vou gramar no Hospital Lapeyronie (adoro este nome, até tem um “y”!).

O dia de ontem foi particularmente agitado. O meu colega Erasmus de Valência (de nome Raimond, ou Raimon ainda não percebi muito bem…em português é bem capaz de ser Raimundo!) finalmente apareceu, foi o que me valeu, pois sempre tinha aluguem para me acompanhar no “faire rien”. A manhã foi passada entre bolos, chá e sumo de laranja no “bureau” dos ensaios clínicos a falar com pessoal que pouco mais faz que o “je”. Quer dizer, de vez em quando lembram-se e começam a fazer umas coisas no computador, depois para falar… Função pública: condições diferentes mas sempre a “mesma maneira de estar”.

Desta vez eu e o Raimond fomos almoçar à cantina da fac. de odontologia, onde lá estavam outras espanholas. Foi uma peixeirada à mesa! Imaginem um grupo de 4 raparigas a falar alto, e claro, a falar mal de outras espanholas que estão em Montpellier: “Mas que cabrona”, “es una Gorrona”… (Não sabem o que é gorrona, pois não? Tem o significado próximo da nossa expressão “mão de vaca”. O que eu me tenho rido com esta expressão!)

As amigas espanholas deram-nos uma informação preciosa: localização do LIDL! Arret du tram St. Eloi + Bus la Ronde. Lá fui eu com o meu super saco azul do IKEA (das melhores coisas que trouxe para aqui), comprar bens essenciais como leite e água. O pior foi trazer 6 pacotes de leite mais 8 lt de água para o “bus” e para o “tram”. O super saco do IKEA, não só teve capacidade para o volume de carga, como não se rompeu pelo caminho. O “Raimundo”, que é metade da minha pessoa, tinha de parar de 10 em 10 m para descansar com os seus 4 ou 5 sacos de compras. Estão a imaginar as figurinhas… eu então com o mega saco de vendedor ambulante, onde se podia espreitar um rolo de cozinha e um sumo de laranja “solevita”.

O que valeu foi a noite, onde já pude beber umas valentes cervejas. Meti-me mais uma vez numa festa da Espanholada… Conheci as Erasmus de Barcelona da outra farmácia hospitalar de Montpellier, que estão cá há mais de 3 meses e continuam a falar um francês muito fraquinho. Vejam só que ainda recorrem à técnica de afrancesar o espanhol/catalão para se fazerem entender. Eu entendo perfeitamente, mas os franceses nem sempre. Mas todos sabem pedir uma imperial barata em copo grande: Une Pinte! (confesso que ainda não atinei com a pronunciação desta palavra tão fundamental).

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Crepes com Chocolate!

Este título teria dado um nome muito mais interessante ao meu blog, assim quando chegasse a Portugal mandava isto para a RTP ou para a SIC e com sorte ainda me compravam os direitos das minhas aventuras e faziam uma série com o mesmo nome: Crepes com Chocolate vs Morangos com açúcar!
Desculpem mas hoje estou mesmo para escrever destas foleirices! É o resultado de uma overdose de gente e conversação depois de um fim-de-semana deprimente a vaguear sozinho pela cidade. E isto porque finalmente comecei o estágio no Hospital Lapeyronie!
Mme Hansel é a directora dos serviços farmacêuticos do Hospital: cabelos louros meio grisalhos, com corte estilo Mireille Matieu (Beatriz Costa também se adapta), batom vermelho berrante, rímel em excesso, idade a rondar os 60 anos. Para mal dos meus pecados, ela diz guardar um bom “souvenir” das duas últimas estudantes Portuguesas que recebeu no Hospital, ou seja, segundo ela a fasquia está muito alta e ela não quer mudar a opinião acerca dos estudantes portugueses (Obrigadinho MIR e Barata por serem tão empreendedoras)!
Vou ter companhia de um outro Erasmus, um espanhol vindo de Valência que não avisou a tramada Mme Hansel que vinha para o Hospital estagiar, nem trouxe um plano de estágio! Nisso já marquei pontos, ainda não foi desta que fiquei atrás do bom “souvenir” português da Mme.
Almocei no Hospital com dois estagiários da Faculdade, e verifiquei que o meu francês é suficiente para manter uma conversa, com muitas hesitações, mas deu para levar um elogio. Ao que parece têm lá Erasmus de Barcelona que não falam “um boi”! Cá está mais uma prova do tão famoso desenrascanço português. Ah, a conversa também passou pela grande antipatia que todos têm pela Mme Hansel, a professora mais odiada da faculdade (onde me vim meter)!
À tarde como ainda não tinham nada para eu fazer, mandaram-me embora, já que o desgraçado do valenciano também não pôde ficar porque foi tratar do alojamento (aqui o super Erasmus já têm tudo tratado!
Aproveitei e passei pelo centro para tentar comprar umas coitas que tenho falta aqui no meu palácio, e muito mais animado terminei a tarde a comer um maravilhoso crepe com chocolate na Place de la Comedie.

Je vais arriver a Portugal completement gonflé á cause des choses que je mange ici*
*Isto deve ter uns erros pelo meio, desenrasco-me a falar, não a escrever! Tá bém!?

domingo, fevereiro 05, 2006

Os dias burocráticos continuam…

Arranjar um quarto com uma caminha que se pudesse roçar a definição de “lar”, demorou menos tempo do que pensava! Nunca pensei divagar sobre este assunto, mas citando uma amiga minha, verifiquei o que é a necessidade de “arranjar um lugarzinho onde pudéssemos por um vaso com uma flor e dizer: feels like home” (Meus amigos não se preocupem, tenho andado um pouco só, mas ainda não cheguei ao ponto de comprar uma flor para me fazer companhia e ouvir os meus desabafos).
Assim fiquei com dois dias úteis para tratar de outros assuntos interesantes como tirar o passe, tratar de um subsidio de alojamento, abrir conta no banco, voltar à faculdade para lhes dar a minha morada, etc…
Na faculdade, consegui falar com a tão procurada Mme Goldman do gabinete de relações internacionais! Uma personagem sem dúvida interessante, com um ar completamente alucinado, e adepta de uma moda vagabundo chic aos 50 anos: “Ahhhh! Vous etes Mr Casanova!”. Estranha de aspecto, mas muito simpática e prestável.
A residência ficou com o resto das fotos tipo passe que trouxe de Portugal, e para tirar o passe tive de tirar umas fotos rápidas na já minha conhecida estação de comboios (pois já tinha estado em Montpellier, mas só para trocar de comboio no interrail). Consegui tirar 4 exemplares de fotos em que mais pareço o sósia do Frankenstein! Umas olheiras que me davam pela cintura e um sorriso completamente torcido, e ainda por cima paguei 4 Eur para as ter!
Cheguei ao quiosque do passe e o que acontece: a Sra faz um scan da foto! Então porque me pediu uma foto, não podia ter digitalizado de outro cartão! Assim que puder, coloco tais belos retratos online.
Conheci também a CAF, uma divisão da segurança social que atribui subsídios de alojamento para que não tem casa própria. São tão generosos que até a pessoas estrangeiras na minha situação eles dão qualquer coisa. Todo o Euro é bem vindo!
A conta do banco foi só aberta no dia segiunte, pois foi necessário marcar um “rendez-vous”. Tão lindo, até já tenho conta num banco da França!
O pior disto tudo tem sido a minha não capacidade de entrar num bar sozinho e beber um copo… nunca pensei que fosse algo difícil para mim. Beber um café numa esplanada, tudo bem, mas uma cerveja à noite num pub não consigo! Já pensei em ir a um supermercado e comprar uma garrafa de whisky para beber no quarto e poder sair á noite mais desinibido.
Amanhã vou finalmente começar o meu estágio no Hospital. Já passei por lá, e gostei do aspecto. Um edifico relativamente recente com um ambiente muito diferente do que estamos habituados com os nossos hospitais públicos, principalmente do Hospital distrital de Faro!
Au revoir!

sábado, fevereiro 04, 2006

A maratona dos gabinetes e repartições!

Bem me tinham avisado que os primeiros dias não seriam fáceis… A pousada da juventude realmente não é das melhores que conheci, mas sempre tinha uns cacifos para guardar os malões e eu poder iniciar a minha busca de alojamento.
Comigo levei o portátil (ele já tem sofrido tanto, que achei melhor levá-lo comigo, não fosse acontecer alguma desgraça!) e o dossier com toda a papelada desde documentos a entregar na faculdade a moradas e anúncios de casas que tirei da net.
Os dias em Montpellier têm-se revelado muito solarengos, o que não os impede se serem frios e aquela manhã não foi a excepção! A ânsia de resolver todos os assuntos fez-me chegar aos serviços sociais da Universidade (CROUS) antes das 9:00 e ainda tive de aguardar um pouco na cafetaria da cantina que tinha “chaufage”.
Quando o relógio marcou as ditas 9:00, fui atendido no CROUS:
“Ah! Você não é francês. Para alojamento tem de se dirigir ao nosso gabinete internacional que abre ás 13:00.”
Boa! Tinha eu dormido tão pouco e tão mal para isto? Tinha programado ir à faculdade só no dia seguinte, mas assim tinha de aproveitar a manhã para qualquer coisa e decidi tentar minha sorte por lá.
Tinha a indicação de me dirigir à Mme. Eva Goldman das rel. internacionais ou ao Prof. Michel Larroque. Na porta do gabinete da Mme Goldman estava a indicação que o gabinete funcionava todos os dias menos “Mercredi”, e por acaso até era 4ª-feira… Fui então ter com o Prof. Larroque, que não sabia o que fazer comigo, e que ficou em meio em pânico ao saber que ainda não tinha casa. Fui então atirado para a secretaria com um mapa da net que ele me imprimiu e onde assinalou uns lugares para eu procurar anúncios de quartos.
As secretarias são sempre a tal base… juntando a elas programas informáticos com bugs malucos: “Bienvenue aux services adminitratifs publiques Français!”. Disse uma senhora de bata que vinha de passagem de um laboratório, mal sabia ela como eram as coisas em Portugal. Eu tenho queda para bloquear tudo o que é programa informático, e ao que parece nem no estrangeiro me livro disso! Já contava quase 4 pessoas de volta do pc para me inscreverem. Depois veio a parte do pagamento (12,5 Eur), que tinha ser em cheque. Ao que parece, nas repartições francesas querem os pagamentos em cheque porque segundo eles “o dinheiro pode perder-se”. A Mme da secretaria muito simpática aceitou o meu “cash” e passou um cheque dela, e lá consegui ficar oficialmente inscrito na Universidade de Montpellier.
E assim, com a ajuda do mapa manhoso que o Prof. me deu dirigi-me ao pólo universitário europeu que poderia me poderia ajudar na busca de alojamento. E claro… este só abria ás 14:00, quando ainda nem meio-dia era… estava a perspectivar mais uma noite mal dormida na pousada da juventude.
Ensonado e cansado de tanto andar pelas ruas Montpellier, parei um pouco num cybercafé para ver o mail, e fazer tempo para a abertura do gabinete internacional do CROUS.
Finalmente são 13:00 e já posso ser atendido no CROUS! A simpática Mme Altée enquanto atendia dois turcos recém chegados, perguntou o que eu pretendia e verificou que o meu nome não lhe era estranho… Ser Casanova tem algumas vantagens!
Não é que eu tinha um quartinho só para mim na “cite universitaire” à minha espera, e na faculdade nenhuma das pessoas com que eu falei pôs essa hipótese! A Mme Altée ao telefonar para a faculdade, e falando com a pessoa CERTA, confirma a minha reserva e manda-me imediatamente de volta à faculdade buscar o meu processo (que a Mme Goldman nos dias de folga deixou com outra pessoa).
O vai e vem só terminou quando fui buscar as malas ao cacifo da pousada da juventude: mais umas estações de Tram, mais uns lanços de escadas a carregar as malas…e ao chegar à cité universitaire, carregar as malas para o meu quarto que fica num 3º andar!
Acabei o dia cheio de dores nos braços, nos ombros (carreguei o portátil durante todo o dia!) e nas pernas, mas ao menos sabia que iria dormir num quarto que já era o meu…

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

1ª Noite em Montpellier

Voila!
Finalmente tenho tempo para vos deixar uma mensagem que relate os meus primeiros dias aqui no Montpellier de France.Verdade que ainda n tenho fotos para vos mostrar, é que aquela coisa que normalmente nos esquecemos de por na mala... desta vez foram os cabos da maquina fotografica! Duh! .
Começando pelo avião... Meus amigos, logo no avião se sente falta da nossa bela comida! Na viagem Lisboa-Paris, deram-me uma sandes em forma de 1/4 de circulo, que pareceu-me ser de frango... e que pouca fome matou. Mas o pior foi Paris-Montpelier, aqui o moço esganado de fome ansiava pela refeicao que iria ser servida em pleno voo: "vous voulez des bisciuts sales ous sucres?". Eu optei pelos "sales"... um pacotinho muito peqenino de chips (que nao eram bem batata frita de pacote), com pequenas pepitas de azeitona incrustdas acompanhado por um misero copo de sumo de laranja!Nisto chego a Montpellier ás 22:15 sem ter jantado uma coisa decente.
Com uma mala do tamanho de um armario um troley de cabine e a mala do portatil, o Luisito ficou "seule" no aeroporto (toda a gente tinha alguem que os foi buscar) á espera da "Navete" que me levaria ao centro da cidade por 4,80€ apenas (vs os 37 Eur do taxi).Chegado ao centro da cidade (23:00), outra missão: apanhar o tram (metro de supreficie) até a pousada da juventude (reparem que ainda tenho as bagagens todas comigo!).
Na estação mais proxima da pousada, encontrei facilmente a rua que procurava, mas nao a pousada! Imaginem uma rua no centro medieval da cidade (assim meio escura), cheia de freaks a passear o cão ou a andar de skate, e eu com os meus dois troleys a procura da pousada. Quem me me indicou o edificio, foi um turco/libanes (um arabe desses lados...) que tinha um fast food de kebab aberto para a rua. Finalmente instalado (3 vaos de escada ate ao quarto, com as malas), por volta da meia noite fui jantar um kebab ao arabe que me ajudou no caminho e que dava uns toques de portugues (pousada é na 2ª á deretcha car***ho).
2º dia - Encontrar casa para me livrar da espelunca da pousada da juventude!Com esta vos deixo...